quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Reforma é o que cada um quiser fazer dela!!!

Estava eu sentado no meu cantinho na redacção da Informação da RTP, na fase em que apresentava um noticiário à tarde. Não havia stress, estava tudo a correr normalmente, o país estava sossegado, isto é, os políticos estavam quietos seguramente desenvolvendo casos de notícia para o Telejornal das 20 com que os meus colegas do TJ teriam que lidar. Tant pis pour eux, que, no que me dizia respeito, eu queria era ir sem sobressaltos para o estúdio, debitar os pivots o melhor que soubesse para descer à 5 de Outubro e ir comer um bife no Metro e Meio, se ainda estivesse aberto.
Revia, com alguma displicência, os textos que já tinha em mãos quando se aproxima da minha cadeira um colega - olá Helder, desculpa interromper-te, venho despedirme. Despedires-te de quê?
Receei que ele era um daqueles suicidas que se despedem dos amigos antes de...
Vou-me reformar, amanhã já não venho trabalhar. Negociei com a Casa ( a RTP, para muitos de nós é a Casa), vou receber uns cacaus (ele era dos mais antigos a Casa), venho dar-te um abraço.
Levantei-me, como convém em momentos solenes, abraçámo-nos, desejei-lhe muita sorte e felicidades na sua nova situação.
Qualquer dia passo por cá para ver o pessoal, disse ele emjeito de garantia de que não o iriamos perder para sempre.
O noticiário correu bem, não me engasguei, a dicção saíu normal, não tive que pedir desculpa por nada e, o bifinho do Metro e Meio estava óptimo.
Esquecido o episódio da despedida, acto que, aliás, me confrange - não gosto de despedidas sejam elas de que género forem - continuei a minha rotina diária até que, talvez um mês mais tarde, ele se apresenta de novo junto da minha cadeira. Então, estás bem na tua reforma? pergunto-lhe eu com sincera curiosidade. É que, no meu espírito, reforma era coisa que eu não queria nem pensar. Estou muito bem, finalmente faço o que quero, tenho todo o tempo para mim, responde-me ele em tom vitorioso.
E...o que é que fazes do teu tempo?
Agora é que chamo a isto viver! Comprei um Lancia - sempre quis ter um Lancia - e vou à pesca todos os dias nele.
Fiquei bloqueado, não esperava tal resposta. Em fracções de segundo vislumbrei mentalmente um belo Lancia estacionado algures na Marginal, de mala aberta forrada a jornais, com um balde de peixinhos à espera da frigideira.
Para mim, Lancia era igual a estradas, viagens, liberdade de movimentos, descoberta de outros lugares. Nunca a Marginal para pescar.
Titubeante, sem saber o que dizer faço-lhe a pergunta mais estúpida da minha vida: e...tens pescado muito?
hs

2 comentários:

marita faini adonnino disse...

Comprendo tu asombro(reflejado en la tonta pregunta que le haces al final) al comprobar cuál era el tan anunciado cambio en la vida de tu amigo- pero no importa en que línea te alistes en busca de la paz. Tu amigo la ha encontrado en la pesca desde su lancha.
La vida de cada ser es un mundo inexplicable.Tal vez a él, la pesca y el mar o el río le brinden la intimidad con su alma como cuando compartimos una taza de té en la tarde invernal con el mejor amigo y sin hablar nos entendemos.
Y fluye tanta comunicación en esos momentos!.
Tal vez a él le faltó siempre ese compartir con su alma y lo anhelaba.Ahora la vida se lo regala en pudorosa alegría.
Piénsalo....Marita

Anónimo disse...

Es um homem maravilhoso e alem disso meu Pai.
Sempre te admirei,quis ser como tu,vejo-te como o meu heroi desta banda desenhada que e a vida mas na realidade mal te conheco.
Nesta tua versao de bloguista vejo algumas das tuas cores como Pai,e e mais que natural,torna-se mais dificil.
Agora que te reformas-te(que estranho usar o termo para ti!!)e que tens mais tempo,parto eu em jeito de aventura para cohecer mais o Mundo e saber quem sou eu afinal.Mau timing se calhar!Nao deixo de pensar no que perco por nao estar ai e sofro quando penso que agora que tens tempo "para pescar"nao o faco contigo.Sempre tua Ticha

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