segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

A Bolsa e os nossos bolsos

O mercado financeiro é fascinante, envolvente, promissor e ao mesmo tempo horripilante, traiçoeiro e cruel ! É um mundo de atractivos e armadilhas . Um mundo que alguns vivem, um mundo que nem todos conhecem, um mundo que muitos transformam em modo de vida, e outros , incautos, o tomam como caminho para a morte .

O caso particular da Bolsa de Valores merece reflexão , não só porque é uma das partes daquele mercado mais “badalada” pelo público em geral, como também pelo facto de ter características singulares de “mercado de risco”. Definir o nível de risco - alto , médio ou baixo - é algo difícil até para os especialistas, quanto mais para leigos como o modesto autor destas linhas. O que aqui se escreve tem, única e exclusivamente, a intenção de lançar um alerta e nunca , jamais, de transmitir teorias ou conceitos do ponto de vista didáctico .

Deixemo-nos de “conversa mole”! Só existe uma razão para as pessoas entrarem no cativante mundo da Bolsa de Valores : a ganância ! Ganância de ganhos fáceis, sem esforço ou suor . Ganância de ver o seu dinheirinho – por vezes curto e balisado para as necessidades correntes – dar uma goleada de crescimento em qualquer massa de pão-de-ló .

Controlar a nossa ganância é quase impossível. Mesmo no mais simples dos negócios . Por isso, aos “ futuros candidatos” desejosos de um raid turístico por este mundo da Bolsa , venho lembrar que o roteiro envolve algumas verdades somente manifestadas quando já estamos lá dentro .

Entrar na Bolsa, mesmo assessorado por um profissional – conveniente, fundamental, imprescindível – é algo como fazer um pacto com forças malignas, vender a própria alma para ganhar dinheiro e dar realismo ao famoso anti-lema “um contra todos e todos contra um”. Talvez ache exagerado, mas você entra sózinho e fica sózinho . Você ali não tem parceiros, ainda que venham com a conversa de que se “torna um sócio das empresas”. Você aposta suas fichas contra milhões, demónios e cordeiros, ávidos por por beliscar uma parte do seu cacife , sabedores que o combustível que o leva a isso é inesgotável. Um combustível chamado ganância !

É claro que também não podemos deixar de considerar alguns aspectos positivos das regras desse mundo fascinante . Estamos a falar de um mercado sériíssimo, com regras bem definidas, entidades reguladoras e fiscalizadoras, e, na maioria dos países , com a garantia de justiça implacável aos desviados . A aplicação da ciência das probabilidades e da estatística, o estudo aprofundado do grafismo e definição de tendências , os relatórios diariamente emitidos pelas inúmeras empresas de consultoria analítica obre as organizações participantes do mercado aberto, tudo isso contribui para que se possa navegar num mar menos tumultuoso . Mas nada elimina a possibilidade de naufrágio…

Em boa verdade, por mais rotineira que transformemos a nossa vida, ela não deixa de ser um jogo . Até na simples escolha do trajecto para o local de trabalho visando o melhor trânsito . Todos somos jogadores . Todos almejamos o sucesso nas mais simples e nas mais complicadas facetas da nossa vida .

Mas para você obter sucesso numa eventual entrada na Bolsa de Valores, antes de aprender a lidar com gráficos e notícias, análises técnicas e fundamentalistas, escolha do melhor corrector , vou-lhe tramsnmitir talvez o conselho mais importante deste escrito : aprenda a lidar consigo mesmo ! Meça, e assuma humildemente , a sua ganância . Aprenda a se controlar . Aprenda a dosar a sorte . Desconfie quando lhe dizem que tal acção está barata e prestes a alavancar lucros. Lembre-se que, apesar da sua comprovada inteligência, você não é mais esperto que os outros : se um papel estivesse barato… ninguém o venderia! E, mesmo depois de alguns anos na activa , nunca venha a achar-se um “experiente”, porque neste mundo fascinante , você jamais o será . Boa sorte e bons ganhos .
João Luis Mano – janeiro/2007


João Luís Mano, distingue-me com a sua amizade desde os anos de juventude descomprometida em Angola, onde a paixão pelos automóveis e ... outras, mobilavam os nossos quotidianos. Radicado no Brasil, João Mano nunca descartou de suas memórias, como muitos de nós "vindos de lá", o berço que lhe deu a formação para o homem activo que é.


Com os anos, terá, por ventura, perdido o sotaque de "calcinhas de Luanda" para apadrinhar aquele outro da terra que o acolheu, bem notado na sua escrita.


Aqui deixo o seu contributo cheio de utilidade pelos "avisos à navegação" a quem abre os bolsos às bolsas.




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