quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Leiam e ... indignem-se



*A Justiça criminosa*
por Clara Ferreira Alves

In Pluma Caprichosa *Segunda-feira, 22 de Out de 2007



Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso.

Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.

Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia que se sabe que nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.

Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.

Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços do enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.

E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogues, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.

Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muito alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?

Vale e Azevedo pagou por todos.

Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.

Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.

Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus da sida?

Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?

Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?

Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?

Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?

Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.

No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém? As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não substancia.

E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu?

E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?

E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente"importante" estava envolvida, o que aconteceu?

Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.

E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?

E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?

O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.

E aquele médico do Hospital de Santa Maria suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?

E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.

Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento. Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.

Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.

Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade. Este é o maior fracasso da democracia portuguesa e contra isto o PS e o PSD que fizeram? Assinaram um iníquo pacto de justiça.

Apesar de as coisas se passarem demasiado depressa nos dias de hoje e, eventualmente, já ter havido desenvolvimentos de alguns dos assuntos aqui tratados, o tema é mais do que actual e mostra bem o povo que somos na sua pequenez actual. Já não se trata somente de reinvindicarmos o direito à indignação, senão manifestarmos esse direito com todaa veemência.

Helder de Sousa

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

El cielo y el infierno

Desde el 11 de noviembre la Iglesia Católica cuenta con un nuevo beato:Ceferino Namuncurá ,el joven indio de la patagonia argentina.
Ceferino pertenecía a la raza mapuche,palabra que significa" hijos o gente de la tierra".Los mapuches conforman un pueblo altamente religioso,creyentes en un dios creador y poderoso:Nguenechán, a quien le piden protección para sus familias y sus ganados.
Ceferino nace en el año 1888 ,en las tolderías de Chumpay,en la provincia patagónica de Río Negro,hijo del cacique Namuncurá de setenta y cinco años ,teniendo su madre veintinueve.
Evangelizado al cristianismo por los misioneros salesianos ,crece en las tolderías siendo testigo de la paupérrima situación en que se encuentra la gente de su raza. Se dice que esta vivencia lo hacía llorar constantemente y despierta en él su deseo de estudiar para,de esta manera, poder ayudar a su pueblo. Se lo comunica a su padre ,añadiendo -"porque quiero ser útil a mi gente".
Después de un breve paso por un colegio salesiano en Buenos Aires, es llevado, por esta misma congregación, a estudiar a Roma.
Se distinguió por su inteligencia, su mansedumbre,por su bondad y el deseo constante y ferviente de ser útil a su gente.
Allí enfermó y muere solo en un hospital romano en el año 1905. Había predicho la fecha de su muerte seis días antes.
Ciento dos años después es beatificado,pero hace años que los creyentes le rezan a este dulce indiecito, sobre todo los estudiantes para recibir ayuda en los exámenes. Abundan testimonios de enfermos graves que, según ellos, han recobrado la salud por la intersección del futuro santo mapuche.
El 11 de noviembre la alejada y pobre población de Chimpay ,se vistió de fiesta.Allí se llevó a cabo la beatificación.Delegaciones indias hicieron sus ofrendas y sus ritos ante el altar de los blancos.
¿Será una señal que sea llevado al altar el joven indígena?
Se dice que hay un mundo inteligible y espiritual y un mundo material,sensible.
Ceferino bien se ha ganado vivir en ese mundo ideal ,espiritual ,pero su pueblo continúa en este valle de lágrimas ,que es el mundo material.
Los pueblos indígenas de la Argentina necesitan algo más que ver a uno de los suyos en los altares.Necesitan que se les devuelvan las tierras, que no se los ignore,que se les de trabajo,posibilidades de una vida más digna,,que no se los deje morir en la indigencia.
Han pasado cien años de su muerte y ningún gobierno,ni de derecha,ni de izquierda,ni civiles ni militares han reivindicado y hecho justicia con la población india y ésto nos llena de vergüenza
ante el mundo.
Marita Faini Adonnino-Argentina

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Merci Maurice


Obrigado Maurice Bejart por tudo o que nos ensinaste no Ballet du XX ème siècle.




Obrigado pela beleza dos teus trabalhos, por estares à frente do tempo, por defenderes a liberdade. Obrigado pela deferência para com um jovem curioso e ávido de conhecimento. Obrigado por me teres dado a conhecer Duska Sifnios e me teres incluído no Bolero, em 1961, Théatre de La Monnaie, Bruxelas. Obrigado pela maravilha em Les 4 fils Aymon, no Coliseu de Bruxelas, obrigado pelo encanto na Carmen, feita pela Grace Bumbry. Obrigado por me teres acolhido em tua casa, junto com o Patrick Belda a quem ensinei a falar português para poder receber condignamente a sua namorada brasileira Laura Proença.

Obrigado por me teres deixado dar-te um abraço, anos oitenta, na tua casa da Grande Place, Bruxelas e te lembrares, ainda do "portugais".


Bolero (Ravel), aqui interpretado por Marie-Agnès Gillot. A versão original foi feita por Bejart para a bailarina jugoslava Duska Sifnios em 1961, no âmbito do Ballet du XX ème siècle, sediado no Théatre de La Monnaie em Bruxelas.


No youtube chamando "bolero" surgem várias contribuições, com destaque para interpretações mais recentes do grande Jorge Donn, argentino de nascimento.


sábado, 17 de novembro de 2007

P - parking


e ainda se queixam da falta de estacionamentos ?????

Bom fim de semana.

olhando dentro do blogue


Com o tempo fui-me apercebendo de que esta coisa de blogosfera tem truques e manigâncias para alguns blogues terem muita audiência. Sim, porque, afinal, não são só as televisões que necessitam de audiência para facturarem mais publicidade. Os blogues, para serem populares e ficarem bem colocados nos rankings, afinal, também funcionam na base do mercado.

Quando me iniciei neste grande espaço não fazia a mais pequena ideia da sua mecânica. Preocupo-me zero com ter ou não comentários aos posts, ralo-me pouco com ter 1 ou 100 visitas por dia embora não rejeite, uma vez de vez em quando, lançar um olhar indiferente para os números que alguns medidores me mostram.

Feitas estas reflexões afirmo calmamente que não me vou por em bicos de pés para divulgar este blogue em qualquer media. Agradeço a quem nos visita e nos lê, nem que seja "en passant" mas não posso contudo deixar de manifestar a minha profunda gratidão pelos contributos aqui colocados pelos meus amigos, que muito valorizam o "mais, sempre mais" assim como manifestar a minha admiração pelos autores dos blogues inseridos aqui ao lado na Sala de Visitas.

Com todos me tenho enriquecido espiritual e culturalmente, além de, na sua companhia, me sentir membro de uma comunidade muito interessante.

Obrigado Merci Thank you Gracias Grazie Danke

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

De vez em quando, Cecília Meireles

Cântico XIII

Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.



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"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno. (...)
Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade". (...)
Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano".
Meireles (1901-1964)

Cântico I
Cantico II
Cântico VI
Cântico XIII
Canção mínima
O Mosquito Escreve
amento do Oficial por seu Cavalo Morto














Counter II

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