sábado, 30 de junho de 2007

As sete maravilhas

Está em curso uma votação para os sete melhores blogues. O regulamento, simples, não nos obriga a grandes trabalhos e o prazo de votação termina amanhã. Acho que não há prémio nenhum e ainda bem.
Quem quiser ainda vai a tempo, pode enviar os seus sete votos para o email 7.maravilhas.blogosfera@gmail.com, com um link para o post publicado sobre o assunto no seu blogue.
E porque não exercer o meu direito de voto e entrar na brincadeira? Não faz mal a ninguém, antes pelo contrário aguça uma certa forma de solidariedade para com os meus votados, como a agradecer-lhes os bons momentos que me proporcionam.
Voto no:
PITIGRILI (http://pitigrili-de-luanda.blogspot.com/) - para me reencontrar com um velho amigo e camarada de andanças televisivas;
ÀS VEZES (DES)ORGANIZO-ME EM PALAVRAS (http://mwanapwo.blogspot.com/) – pela acutilância de uma visão crítica de quem ama a sua terra;
O MUNDO PERFEITO (http://omundoperfeito.blogspot.com/) – pela beleza da palavra escrita, pela pureza dos conceitos;
ESCRITA EM DIA (http://blogda-se.blogspot.com/) - pela franqueza insuspeita de um outro camarada de andanças televisivas;
DASS (http://dassmld.blogspot.com/) – porque...tem um je ne sais quoi que me atrai;
PALAVRAS CRUZADAS (http://palavras-cruzadas.blogspot.com/) – por ser agradável à vista, ao ouvido e me colocar onde nunca fui;
CHÁ DE LARANJA LIMA (http://xadelima.blogspot.com/) – por me ensinar o que não sei.

Todos estes blogues estão disponíveis na minha sala de visitas. Conheçam-nos, valem a pena.
hs

segunda-feira, 25 de junho de 2007

TV, o fascínio do directo

A televisão mudou muito nestes últimos anos e não vou cair na incontida tentação de dizer que mudou para pior em comparação com o meu tempo. Venho da geração da televisão a preto e branco, das reportagens em filme de 16mm em cameras Arriflex e som de fita klang que montadoras excepcionais da RTP (oriundas do cinema) sincronizavam à primeira com a claquette.
Hoje a televisão em Portugal vive muito e exageradamente do luxo do directo em concorrência directa com a rádio e com a vantagem de mostrar a imagem. Só que, neste frenesi da actualidade, de estar “em cima do acontecimento”, de abafar a concorrência, praticam-se exageros que de tão repetidos já ninguém dá conta deles, senão, como se explica a razão de colocar um/uma jornalista no meio de uma rua vazia e escura em frente à porta de um qualquer organismo para “informar” coisas que já foram divulgadas há umas horas quer pela rádio quer pelo próprio canal????
Os directos hoje em dia são muito fáceis e, talvez por isso, a maior parte deles são feitos por jornalistas de segunda linha com resumida preparação técnica raramente são apresentados por jornalistas séniores, obedecendo a uma certa forma de hierarquização da notícia.
Quando deslocar um carro de exteriores para um local representava um feito cuja preparação começava horas antes e uma das preocupações era saber-se onde estaria a antena retransmissora mais em linha com o edifício da RTP ou com as antenas de Monsanto, fazer um directo tinha mesmo que ser de assunto importante, tirando o futebol, é bom de se ver.
Então, os jornalistas, faziam aquilo a que chamávamos “falsos directos” e que ainda hoje se utilizam por questões práticas. O falso directo era fingir que estávamos em directo a comentar um determinado acontecimento (normalmente quando estávamos no estrangeiro), respondendo a uma deixa do apresentador no estúdio em Lisboa (ou no Porto) para se arrancar a gravação do....directo. Ainda que, por essa via, se perdesse a espontaneidade, ganhava-se sempre em qualidade da informação, apesar de não termos na RTP, naqueles tempos, um teleponto portátil de reportagem, até porque nem sabíamos o que era ter-se computador portátil.
Tornou-se tão fácil fazer televisão em directo que se caiu na ausência de um critério. Por isso não é de admirar que os senhores da política escolham sempre as 20 horas para fazerem os seus comentários, aproveitando o directo das televisões, a maior parte das vezes com conteúdos que, em boa análise editorial, não mereceriam mais do que uns 40 segundos de off a resumir tudo.
O directo, quando usado abusivamente por quem não tem preparação para tal, não implica, realmente, qualidade informativa.
hs

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Pluralismo à portuguesa


As duas revistas semanais mais populares mostraram grande capacidade jornalística, espírito inventivo, direito à diferença, informação de qualidade e ineditismo no tema de capa.
Das duas uma, ou há falta de assunto neste país ou os jornalistas fazem pesquisa sentados atrás do fulanismo tão do gosto lusitano. Lá porque um milionário de ar bonacheirão e pronúncia esquisita se lembrou de copiar o Abramovich, quer dizer que os portugueses, os que lêem revistas, têm de apanhar com o mesmo tema em ambas?

Pobre país pequenino, minguado de criatividade jornalística que nos "oferece" escolha...unitária.

hs

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Verão verão

É Verão, verão que hoje, a partir de hoje é Verão. Saúdo a chegada do Verão ao calendário, espero que ele se confirme na pele quando o calor apertar e o país distraído correr a banhos cansado de tanto trabalhar....para o bronze...
A ver se na rentrée, algumas mentes iluminadas regressam despoluídas de minudências e se aplicam nas coisas sérias...
Entretanto, no hemisfério da nossa amiga Marita da Argentina, celebra-se a chegada do Inverno e novo ano 5515.

hs

5515 = 2007 hoy se celebra


Solsticio de invierno en el hemisferio sur-( 21 de junio)-Los pueblos andino-amazónico de América del sur celebran hoy la llegada del año 5515.
Así es como para los Aymara es Mara T´aca ; los quechuas lo llaman Inti Raymi y los mapuches We Tripantu.
Los mapuche (Ma= tierra, Che = gente) son los llamados hombres de la tierra. Viven en la zona central de Chile y en las provincias argentinas de Neuquén,Río Negro, sur deBuenos Aires.
(El monosílabo CHE= Mi para los guaraníes,pero esto es otra historia y, para el argentino de hoy ,es un vocativo).
5515 ó 2007 ó.... qué más da. El universo continúa su enigmático plan ,indiferente a las criaturas que contiene en sus mundos.
Importa que cualquiera sea el año, seamos conscientes de que todos vivimos en una misma casa y como tal sería inteligente que vivamos armonicamente.

marita faini adonnino -argentina

quarta-feira, 20 de junho de 2007

la comunicación


Hoy que compruebo aquello que cantaba Piero "la vida se nos va como la tarde..." y muy bajito Neruda me susurra "la edad nos cubre como la llovizna". Hoy, que estas dos causas me impiden volver a vivenciar lo que en otra edad y otro tiempo me colmara de felicidad , o sea, correr, correr por caminitos adornados de piedritas y flores silvestres,subir a los árboles verdes y lilas para contemplar el azul desde mi atalaya vegetal.Hoy, en la tarde de mi vida, me refugio en los libros:allí está todo,créanme,allí está todo.
Ellos siempre fueron mis amigos silenciosos y cálidos.Se entregaban a mis manos y acompañaban a mi corazón. ¿Cómo equilibrar estas dos pasiones,árboles y libros.? Simple, como la línea del horizonte. Leía mis cuentos infantiles balanceando mis piernas de la rama de un paraíso y , más tarde, los sonetos de amor,bajo la sombra fresca de mi gran amigo.
La vida pasa...pero la sed perdura.Y hoy,sin duda , terminaría de huésped de un coqueto manicomio si pretendiera sentarme en una rama del árbol de la plaza y allí balancear mis piernas con un libro en las manos. Y como no puedo traer los árboles a un piso 10,los tengo en los cuadros pintados a la acuarela, al óleo, al no sé qué...,pero están.
Y mis libros,en los anaqueles(otra vez armonicé mis preferencias).Y bien,así fue que abriendo y cerrando books ,escojo uno que me habla de Karl Jaspers. Y comencé a leer, a leer-¡Maravilla!
¡Oh,Karl Jaspers,si los hombres del mundo se detuvieran a escucharte.!
Jasper pertenece al existencialismo cristiano.El tema de la libertad individual es el leiv-motiv de su obra,pero en su filosofía la comunicación es una luz azul,bicolor,multicolor maravillosa.
Negar la soledad de la privacidad del solitario con sus pensamientos para lograr "la auténtica comunicación existencial o sea, la realización de la propia libertad que es la libertad del otro"
"El hombre sólo llega a su propio ser por conducto del otro, jamás por el sólo saber"-"Llegamos a nosotros mismos sólo en la medida en que el otro llega a ser él mismo, a ser libres, sólo en la medida que el otro llegue a serlo".
Para Jaspers , la comunicación es un requisito irrenunciable para todo pensamiento y, si bien, yo "soy" "yo mismo" y mi existencia es sólo mía y me pertenece,para Jaspers yo "soy" si "soy con los otros".Comunicar mi existencia con las otras existencias.
Si bien esto que comento aquí, tiene honduras filosóficas más intrincadas , de las que no estoy capacitada para discurrir y mi lectura es sólo de una pequeña parte de sus escritos y a nivel de lector curioso, bien se puede extraer de ellas algo simple,práctico y orientador para esta histérica e irrespetuosa sociedad que conformamos.
Cuando el hombre en el mundo dignifique la libertad y la entienda como "camino a",cuando comprenda y acepte la comunicación verdadera de mi "yo" con los otros "yo" o sea con el "tú" y, que "soy" en la medida que "soy con los otros", entonces pudiera ser que se verifique algún cambio. Mi optimismo está herido de gravedad( A veces las heridas graves suelen cerrar. A veces...).
Mientras tanto, mientras espero en la larga tarde de la vida que camina, bajaré los diez pisos ,acariciaré el tronco del árbol frente a mi puerta ,le leeré los dos primeros versos del poema en turno y, una vez más, comprenderemos los tres ( el árbol,el libro y yo)-como hace mucho tiempo-que hemos logrado la comunicación perfecta.

Marita faini Adonnino-Argentina

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Predadores

O caso da pequena Madeleine, apesar do exagero mediático que lhe foi dado e ainda é, tem o mérito de fazer reflectir sobre assuntos tão repelentes e incómodos como a pedofilia e a prostituição infantil. À parte considerar-se ter havido notória diferença de atenção pelas autoridades policiais portuguesas entre o caso da menina inglesa e os casos conhecidos das crianças portuguesas, o facto é que se pensa e reflecte mais no tema hoje do que há um mês atrás. Pelo menos, terá esse mérito o que já é de acentuar. Não cumpre aqui comentar-se a actuação quer policial portuguesa quer jornalística da parte dos media ingleses. Mais tarde, quando o assunto amainar, talvez se venha a perceber o que realmente levou a imprensa inglesa a denegrir tanto a polícia portuguesa, como se a polícia inglesa tivesse resolvido todos os casos de pedofilia e de desaparecimento de crianças existentes na Inglaterra. Nem vale a pena discorrer sobre o facto de o Reino Unido, juntamente com outros países ricos como os Estados Unidos da América, o Japão, a Alemanha e a Austrália serem considerados por organismos independentes como dos maiores fornecedores de praticantes do chamado turismo sexual em destinos pobres como o Brasil, Tailândia ou Filipinas.
No rol das muitas dúvidas que estes assuntos me fazem despertar, uma inspira-me especial inquietação: porque motivo a pedofilia, o rapto e a prostituição de crianças não reúnem a mesma quantidade de meios humanos e financeiros e o mesmo empenho internacional que o narcotráfico? Ambas as actividades funcionam em rede, ambas são de dimensão global. Será que a pedofilia “preocupa” menos os Estados que a droga simplesmente porque a droga “fica mais cara” aos Estados do que a pedofilia?
hs

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Faz falta??


Antigamente, antes da libertação, o Presidente da República tinha por missão patriótica cortar fitas de inaugurações. Era tratado por venerando chefe de estado, assumia o papel do paizinho de todos e brilhava em discursos vazios de conteúdo prático mas cheios de gongorismo.

Hoje, o Presidente da República tem por missão patriótica criar factos para aparecer todos os dias na televisão e justificar o seu elevado cargo. É tratado democrática e familiarmente por o Presidente ou simplesmente pelo nome mais forte - Soares, Cavaco - assume o papel de presidente de todos e brilha em discursos nos quais, sendo o primeiro magistrado da Nação, manda umas bocas sobre coisas que acha que devem ser corrigidas, as mesmas que eles, nos seus tempos de governantes, nunca corrigiram.

Se mandasse, de facto, alguma coisa, eu aceitava sem hesitações a existência de tal figura na lista de ordenados do Estado mas, da forma como o cargo está delineado em Portugal - pouco mais serve do que para fazer apelos e mostrar preocupações - começa a tornar-se dispensável.

hs

terça-feira, 12 de junho de 2007

Será??????


(Alcochete e a ponte)

Um aeroporto ali para os lados de Alcochete até não deixava de ser interessante por várias razões, uma das quais, a de vermos os flamingos chateados com a concorrência desleal daquelas aves metálicas horrorosas que nem sabem dormir sobre uma perna. Outra, se fosse para frente (não vai e já digo porquê), era a construção de mais uma pontezinha para dar razão ao grande especialista em AlQaeda que prevê um ataque fulminante daqui a uns sete anos, à dita ponte.
A CIP acabou por prestar um belo favor ao governo com a apresentação do seu estudo de aeroporto lá para aquelas bandas. Não só fez elevar o seu próprio ego que é coisa que lhe andava um pouquinho por baixo como deu um excelente álibi ao governo para dar a impressão de sim senhor, não somos autistas, estamos abertos a discutir a questão de um novo aeroporto. Mais do que isso, torna-se muito interessante o estudo da CIP, que seguiu direitinho para o Lneti depois de uns telefonemas de Sócrates a Van Zeller só para tirar umas pequenas dúvidas, porque vai dar uma folga de seis meses à já chata questão de Ota que não bate com a perdigota e iria comer energias necessárias para a presidência portuguesa da, dizem, União Europeia.
Como dizia um amigo meu esta noite, "Mas, haverá quem acredite que o lobby do cimento armado vai largar o pássaro Ota da mão em troca de uns flamingos raquíticos?"
hs

Então...é assim! Será mesmo?

Uma vez, uma vizinha certamente mal disposta da noite acabada de passar e visivelmente malcriada da falta de educação, para reclamar contra um pingo de água do ar condicionado caído num pano de limpar louça estendido na corda do seu andar de baixo, depois de bater freneticamente à porta iniciou os seus delicados bons-dias das boas maneiras - que não tem – e de pretensa reclamação – que não se justificava - com um “então é assim” saído das profundezas de uma garganta onde não passou, obviamente nunca, uma gota de chá. Como é fácil de imaginar, fiquei traumatizado para o resto da minha vida com tal expressão usada com tanta frequência por quem tem um qualquer complexo de autoridade e, agora, colada a mim num matinal pesadelo..
Recentemente, num daqueles passeios que damos aos olhos sobre os títulos dos jornais, tropecei novamente num “então é assim”. Este vinha ilustrado com um desenho de um casal em posição do missionário, suponho eu que não representava qualquer nova forma de veneração a um deus desconhecido nem ilustração para um novo preservativo. O desenho era evidente e representava um casal a praticar sexo. Tratava-se, souberam os meus olhos ao aprofundar a diagonal da leitura, de um filme feito para ensinar a vida sexual dos adultos às crianças encimado pelo título “então é assim” realmente obnóxio. Como quem diz: meninos, agora, vão ficar a saber de facto como é que se faz amor de verdade, imaginem os vossos papás e mamãs e brincarem...aos papás e mamãs, em vez de serem vocês na casa de banho da escola, “Ora então...é assim!”...
Deixo à imaginação dos meus queridos leitores a continuação da história. O happy end está em que não consta que algum menino ou menina tenha ficado traumatizado com este "então é assim". Ainda bem. Eu é que já estou a ficar sensível de mais a frases (mal) feitas.
hs

sexta-feira, 8 de junho de 2007

EM 2035

Helder, hoje deu-me para pensar no futuro. Cá vão os versos:

EM 2035

Todas as noites se perdem neurónios,
A memória esgueira-se e já não poisa
No esquecimento dos semblantes dos Antónios,
Joaquins, Josés ou de qualquer outra coisa.

No ano de 2035, o nome de Angola
Dir-nos-á o quê? Carianinga ô chimboto
Que significará? A cor negra da tola
Africana ainda existirá? Predominará o desgosto
Do enfraquecimento das raças puras? A sola
Do sapato será de couro ou o gosto
Pelo silicone dominará a indústria
Que esmagará os sentimentos sem angústia?

A amizade terá a mesma roupagem
Ou será fria, despida e sem calor?
Será combinado e pago o amor
Elaborando-se uma lista com prévia triagem?

Os Dembos da terra vermelha e exuberante
Cobrir-se-á de areia vinda do deserto distante;
Os dias serão negros, as noites vazias
E os lagartos digerirão as incómodas azias;
Os humanos, inertes e sem memória
Assistirão, impávidos, ao fluir da história;
Não haverá lugar para o imprevisto, tudo
Será estereotipado e o rouxinol cantará mudo;

Um apelo: espalhem as minhas cinzas
Onde houver uma pontinha esquecida
De Amor pois poderá ser revertida
A inexorável morte das frondosas muanzas!

Estoril, 8 de Junho de 20o7

kambuta

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