sábado, 6 de janeiro de 2007
Crise?
Dizem os sábios que os portugueses estão endividados em 120%. Sendo isto verdade, temos de admitir que os donos dos carrões Mercedes, Ferrari, Aston Martin, Maserati e irmãos, não serão…portugueses. Como não serão os reformados milionários da área da justiça, da Assembleia da República e de outros “paraísos” profissionais. Mas, se por um acaso fortuito, assaz improvável, esses senhores forem portugueses o que, pelas estatísticas, não parece acontecer, deveremos então concluir que terão de ser integrados em outras estatísticas que não as dos 120%.
No fundo, a crise até pode ser boa e criativa para a melhoria da vida dos portugueses. Vejam só: depois dos assaltos dos bancos à boa fé das pessoas para contraírem empréstimos pessoais, para além dos “velhos” empréstimos para habitação e carro, eis que surgiram, como cogumelos, centenas de “agências”, ou lá o que são, a oferecerem dinheiro rápido e fácil. Disseram-me que são dos bancos. Basta um telefonema, dizem, e ... o dinheirinho entra logo na conta. Então porque se queixam as pessoas? Então não têm essas boas almas puras e solidárias para lhes oferecerem dinheiro rápido (máximo 48 horas pelo telefone, blá blá blá)? É só telefonar !!!!!
Curiosamente (ou talvez não), ainda não ouvi nenhum desses gurus com lugar marcado nas televisões a aconselharem formas de as pessoas minimizarem as suas dificuldades financeiras e ensiná-las a saírem do buraco em que se meteram. Ou, se houve alguém com tão caridosos conselhos, do género – têm de gastar menos cortando no supérfluo - a coisa não resultou. O pessoal está cada vez mais teso.
Tenho algumas sugestões.
Primeiro que tudo será conveniente saber que o dinheiro é mais volátil que o Martini das 9.30, das 11.00 e das 12.30, seca mais depressa que o bagacinho das 18.00, das 19.00 e das 20.00.
Com tais características químicas, se calhar, teremos que ver o dinheiro de outra maneira. Ora, como ele não mora nos nossos bolsos, sempre podemos entreter-nos a olhar para o dinheiro dos outros. Não resolve mas faz sonhar enquanto se ingurgitam os tais Martinis e bagacinhos. E, ao regressar a casa, em trajecto cambaleante e aos bordos para demorar mais tempo, sempre se pode aproveitar para reflectir nas soluções, com a certeza de que não serão tomadas resoluções, o que não deixa de ser reconfortante antes de um pesado sono até ao Martini das 9.30.
Depois, que raio, a gente precisa de descansar e mudar de ambiente. Bom, bom é aproveitar os fins-de-semana prolongados e as merecidas férias para espairecer pelo Algarve, sul da sempre vizinha Espanha ou, em rigor, apanhar o avião para Cabo Verde, Brasil, S. Tomé, na base do conceito segundo o qual “perdido por 100, perdido por mil”.
Certo de que tem de haver algumas dicas para ultrapassar a crise da falta de dinheiro, após uma rebuscada busca no google, no dicionário de provérbios, no outro das citações, nos livros do Chopprah, nos do Paulo Coelho, não tendo esquecido algumas das citações mais inteligentes do George W. Bush, cheguei à compilação resumida que lhes ofereço a seguir:
“O dinheiro, quando falta, não é a todos”.
“O dinheiro, quando é para todos, fica à guarda de alguns, para não se estragar”.
“A crise é uma invenção perversa mas útil, destinada a provocar a criatividade: abertura de agências de financiamento rápido, assaltos a caixas Multibanco, a bombas de gasolina e outras formas mais artísticas, como o Euromilhões e a mediação de jogadores de futebol ”.
“As pessoas são pobres porque…não têm dinheiro”.
“As pessoas que não são pobres, provavelmente não são portuguesas”.
“Não é o dinheiro que falta no bolso dos pobres, é o malvado do buraco na camada de ozono que atrasa as rotações da Lua e prolonga os meses por tempo indefinido”.
“Quem nasceu para ser pobre, tem 99% de hipóteses de ser pobre”.
“Não adianta emigrar para resolver a crise pessoal de falta de dinheiro se se levar na mala o feitio do “bom povo português”, baseado sabiamente no “depois se verá”.
“Dinheiro puxa dinheiro, a falta de dinheiro puxa ainda mais falta de dinheiro”.
“Dinheiro e Crise não se conjugam. O que se conjuga é a falta de dinheiro com a crise”.
“Para alguns, o custo de vida não aumentou assim tanto como dizem os mais pessimistas. Continuam a meter 5 euros de gasóleo no seu misto com rede, e a gastar os mesmos 20 euros no Lidl”.
“Sejamos optimistas. Mais vale um copo meio cheio do que um meio vazio”.
Então!!!! De que se queixam?????
hs
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