sábado, 13 de janeiro de 2007

Justiça, qual justiça???



Justiça, qual justiça?


A pena atribuída ao jogador de futebol Luisão, por ter sido “apanhado” pela Polícia a conduzir sob a influência do álcool, com um grau de alcoolémia de 1,44 – apenas 40 dias de serviço comunitário – demonstra mais uma vez a enorme e conhecida subserviência dos poderes deste país para com o futebol.
Pela lei, o futebolista Luisão deveria ser impedido de conduzir durante, pelo menos, um ano, deveria pagar uma multa e poderia ainda ter de ir passar uns dias à cadeia. Mas não. Vai fazer simplesmente serviço cívico, não se sabendo ainda qual: tomar conta de velhinhas num lar, ajudar criancinhas das escolas a atravessar a rua, fazer turnos de bombeiro voluntário, varrer ruas como aconteceu ao Beckham?
Quando se sabe que, em casos idênticos, mas ocorridos com pessoas “normais”, a pena aplicada atingiu os máximos – para servir de exemplo – não se entende que, para uma pessoa que deve ser tida como exemplo para todos, a justiça tenha sido tão benevolente. Será para servir de exemplo? Exemplo de quê?
É que, daqui para a frente, eu julgo-me no direito de sair de um belo jantar depois de ter saboreado um Reguengos, um Borlido, um Dão ou um Quinta de S. Francisco, já bem pesado com o grão na asa e lembrar ao juiz que me julgar que, pelo menos até 1.40 de alcoolémia a pena não pode ser mais do que 40 dias de serviço cívico. Porque assim foi para o Luisão, jogador de futebol.
Portugal é dos países europeus com maior incidência do álcool nos acidentes de viação. Todas as condenações pesadas, exemplares, serão, eventualmente, dissuasoras. Devem ser aplicadas sem dó nem piedade. Mas, a todos os infractores sejam eles figuras públicas ou não.
Se Luisão fosse condenado pela bitola, se calhar teria que deixar de jogar futebol por uns tempos. E, os outros que o foram, alguns deles fazendo do carro seu instrumento de trabalho, que tiveram de ficar apeados com os consequentes prejuizos financeiros? Claro, tinham de ter pensado nisso tudo antes de se meterem ao volante. Luisão, ou outra figura pública qualquer estão dispensados disso? Com este julgamento, sim, vão sentir-se dispensados.
E, depois, admirem-se de o povo dizer que a D. Justiça tem os pratos da balança viciados!!!
hs

1 comentário:

jotamano disse...

Provavelmente , o caso do Luisão é mais um entre muitos, a maioria dos quais nem vêm à tona , devidamente "abafados" pelo poder que as figuras públicas ( e abastadas...) têm nesta sociedade cada vez mais corrupta!
Se vivesses aqui no Brasil, Helder, ia faltar-te tempo para te insurgires contra este tipo de coisas. Citar exemplos? Desculpa... mas também não teria tempo suficiente para fazer uma "cobertura completa"! Só um , para não ficares aguado : aquele Edmundo, o "Animal" para a torcida, embriagado numa noitada, acabou com o Pajero numa árvora da Lagoa Rodrigo de Freitas, matando duas amigas inocentes (?). Já lá vão alguns anos, e o cara continua solto .
Felizmente o Luisão não matou ninguém, nem a si próprio, o que seria uma pena pois gosto de o ver jogar .
Não esqueças que essa máxima "a justiça é cega" , às vezes peca por defeito : é cega, surda, muda, paralítica,manca, corcunda, castrada e... INJUSTA!!!
João Mano - Rio

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