terça-feira, 27 de março de 2007

Felizes os que...

A propósito do último «post» do Helder, gostaria de dedicar estes versos a quem consegue sobreviver neste meu País repleto de contradições (o que não deixa de ser saudável).

FELIZES OS QUE…

Felizes os que se identificam pelo orgulho
Com a Pátria (seja Portuguesa ou Angolana).
O meu Portugal (Abril 74 a Novembro 75) foi com o gorgulho,
A minha Angola (Abril 74 a Maio 76) diluiu-se na sisalana.
Os restantes períodos destas Nações não causam engulho
Nem os rejeito, mas são frágeis como a porcelana.
Aprender a lidar com o que a maioria escolheu
Tem sido uma tarefa árdua e isolada como um ilhéu.

Não recorro a truques de mágica e enganadores,
Luto diariamente para não ser absorvido,
Recorro com frequência à técnica dos coleccionadores
E arquivo (sem orgulho) o pedaço que pode ser sorvido,
Pertenço a um ínfimo grupo de amotinadores
Que sobrevive (com raça), recusando ser reabsorvido
E no isolamento auto-infligido e propositado
Cresci, conquistando um airoso lugar inusitado.

Amo as folhas que dançam com o vento,
Renovo-me com o cheiro do orvalho matinal,
Recolho-me na dimensão do pôr-do-sol sem abatimento,
Solto as rédeas da imaginação no mar divinal,
Convoco a soberba natureza para um abalroamento
Comum em que idolatramos a verdade final
E, sem orgulho, pactuamos com os festins da fartança
Que os homens transformaram numa reles matança.

kambuta

segunda-feira, 26 de março de 2007

Oh tempo não voltes para trás

O homem reinou durante quase meio século, fez as trafulhices que fez e quis, ainda não passaram os anos suficientes que distanciam uma visão histórica e já foi eleito o maior português de sempre? Isto está tudo louco! Então, uma nação com mais de 800 anos de história não encontrou melhor que o seráfico Botas para tão ilustre título?
Cândidas vozes, nada oportunistas, afirmaram logo a seguir que o resultado do dito concurso, passatempo ou lá o que foi aquilo parido pela RTP não era bem uma votação directa na pessoa do ditador mas sim um voto de protesto contra a actual situação deste Portugalzinho. Pior a bota que a perdigota. Então, aproveita-se um concurso um tanto mal enjorcado (mesmo assim de custos bem elevados) para branquear um maléfico indivíduo que ainda reside na memória de tantos portugueses pelas piores razões só para chatear um outro que está no governo? Isto está tudo doido! É tudo o que os tugas são capazes de fazer? Já agora, elejam o Pinochet e o Mugabe portugueses honorários, coloquem-nos ao lado do Botas, só para chatear o Sócrates.
Achei patética a actuação da D. Odete Santos em defesa do Sr. Cunhal. À míngua de maneiras, recuou 30 anos, qual Passionária da Av. da Liberdade, libertou a cassete que nem o chefe do partido dela ousa tocar, despejou mau feitio em jeito de comício, foi um Oh tempo volta para trás de sinal contrário.
Pelos vistos, continuamos a não saber lidar com a nossa história.
O programa, concurso, passatempo, perda de tempo ou lá que foi aquilo valeu, contudo, pela intervenção final de Leonor Pinhão ao ler uma das estúpidas regras impostas por Salazar aos funcionários públicos. Foi o momento mais alto e mais digno.
hs

quinta-feira, 22 de março de 2007

Abraçar Amigos



(como agradecer???)



Sabem que mais? Isto é tudo muito frágil, é tudo muito passageiro, muito fugaz, num momento está-se bem e no seguinte já não somos donos de nada, pegam no teu corpo, cortam-te de alto a baixo, tiram-te uma veia inteira da perna, viram e reviram o teu coração e, quando dás por ti, estás grog com montes de gente à tua volta a medir, a tirar, a colocar, a ajeitar e verificas que tens uma mangueira espetada pela goela abaixo, mais um monte de tomadas (como as triplas para a electricidade) ligadas a veias, e mais outra ligada ao pescoço e outra de que gostei muito, assim a meio do tronco, em contacto com o coração, uma espécie de chave para ligar a um pace-maker em caso de necessidade.
Mas o pior, por ser o mais desconfortável, é o enorme dreno que te espetam na barriga e vai dar a um garrafão de recolha do sangue perdido.
Tranquilizante mesmo é ver sempre alguém sentado a uma secretária nos pés da tua cama que anota tudo, mas mesmo tudo o que se passa contigo: pressão arterial, batida cardíaca, nível respiratório, débito do soro, débito do oxigénio, as vezes que pediste água, o que comeste, enfim, tudo, tudo, tudo.
Chato mesmo é a tosse que parece te vai fazer rebentar os grampos das costelas.
No meio de tanto tubo e de alguma confusão na tua cabeça é reconfortante saber que estás a ser acompanhado segundo a segundo. Ficas com a sensação de que nada de mal te pode acontecer.
Depois, passas para o quarto e, se tudo está a correr bem, vão-te retirando coisas como o tal desconfortável dreno. E, ao fim de sete dias e alguns exames de controlo, mandam-te para casa. E dás-te conta de que deixaste a tranquila segurança do hospital em troca do conforto da tua casa. Um dos meus médicos, quando decidiu dar-me alta disse uma coisa gira: vou mandá-lo embora daqui que isto de hospitais é para doentes.
Pois, pois!!!!
hs

sábado, 10 de março de 2007

ABRAÇAR UM AMIGO

Nesta minha curta (em relação ao cosmos) vida tenho encontrado alguns digníssimos representantes da espécie Humana no seu estado mais puro. É o caso do Helder de Sousa, meu estimado amigo. A ti, vou dedicar estes versos com um abraço apertado:


RESISTENTE
(dedicado ao Hélder de Sousa)



Peões, «slides» controlados, trajectórias
Delineadas, pé no travão e acelerador,
Aproximações tardias, enfim, histórias
De manobras controladas e sem dor
De um menino de olhar claro sem inibitórias
Maquinações que sonhou ser um dia embaixador
Da elegância, do bom senso e do equilíbrio
Conduzindo carros apetrechados de modo sóbrio.

Na televisão, rádio, jornais e revistas
As mesmas características, potenciadas
Pela evolução agreste das africanistas
Vivências que modificou, com acariciadas
Manifestações dignas dos aguarelistas
Soberbos que remarcaram, em balbuciadas
Expressões, uma nova forma de sentir e estar
Neste mundo esplêndido que é para abaluartar.

Ontem à tarde venceste mais uma corrida
Em que outras «mãos» recanalizaram
Tuas artérias massacradas pela poderosa vida
Que tanto amaste e não quiseste bestializada.
A família e os amigos aguardam na avenida
Ficando à espera que arranques da «box» brutalizada
E momentânea para cortares novas e belas metas
Com uma velocidade superior à das velozes setas.


Estoril, 10 de Março de 2007

kambuta

segunda-feira, 5 de março de 2007

Juventude Eterna II



Afinal, a Lua, tem dias...

de lados invisíveis...o de lá que só mesmo dando a volta por detrás...

...o do lado de cá que se esconde quando algo maior interfere...

... então, há que olhar com olhos de ver para não se perder a essência, não se ficar isolado e constatar que vale a pena...

...obrigado Xádelima, Koluki, Kambuta, Asperezas, Marita Faini (Arg.), Cacusso, anônimos...

... continuemos a olhar...para não deixarmos de ver.

hs

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