sábado, 29 de maio de 2010

uns dias em Abu Dhabi

Contraste.

By night

Hotel Sheraton

A avenida do primeiro Presidente dos EAU

Lado interior da Corniche-do outro lado é o mar

"Baixa" de Abu Dhabi

Jardins do Clube dos Oficiais
É "pra" parar.

Dizem que é a segunda maior mesquita. É de cortar o fôlego pela sua serena beleza.

Interior de um shopping

Eles lá dentro, elas cá fora

Sem comentários

Entrada para o clube dos oficiais

Como se costuma dizer, fui num pé e voltei noutro, a Abu Dhabi. Em serviço. Mas, ainda assim, tive oportunidade de verificar várias coisas em relaçao aos Emiratos Árabes Unidos, especialmente em relação ao Abu Dhabi e ao Dubai. São árabes, são muçulmanos, têm costumes diferentes dos nossos, mas são afáveis, hospitaleiros. Intriga a imensa população estrangeira trabalhadora - paquistaneses, muitos, indianos, sri lanca - são os trabalhadores-emigrantes que estão em todo o lado desde os hotéis, aos restaurantes, até às obras. Dizem que os locais, os senhores árabes, não trabalham, que têm muito dinheiro para pagar a quem trabalhe por eles. A verdade é que naqueles territórios, é tudo bem feito, com bom gosto e tudo funciona, desde o elevador à Internet. Os táxis são imaculadamente limpos e os motoristas, paquistaneses, vestem um uniforme e o taxímetro é um écran electrónico onde está a foto nome e nº do taxista, e a tarifa. A factura é tirada de uma máquina portátil como aquela em que se faz o pagamento nos restaurantes com o cartão.














Não há sujidade nas ruas e não há ressaltos nas avenidas, os carros, ali, nem precisam de molas.













Abu Dhabi é uma grande cidade, plana, conquistada ao deserto e ao mar do golfo, bem desenhada, fácil de aprender rápidamente. Tem uma longa avenida marginal La Corniche, repleta de parques de piqueniques, tudo ali é arrelvado, tudo é verde. Ainda bem porque o calor lá é....pesado, a rondar os 40 e a ir até aos 50.













Do que vi daquela sociedade, bem pouco, deu, contudo, para perceber que os homens não se misturam com as mulheres nos lugares públicos. Na piscina do hotel havia uma hora para as mulheres e outra para os homens. Nos cafés, nos belos centros comerciais, elas sentam-se num lado, eles no outro. Só os casados andam juntos e até de mãos dadas. Elas, as jovens, vestem como qualquer jovem do mundo mas, muitas, fazem gala em usar aquela longa túnica preta e o lenço. Algumas tapam a cara toda com o véu.













Abu Dhabi é uma bela cidade onde se pode viver.













Apreciem as fotos que aqui deixo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A 1ª vitória



Hoje vou escapar a falsas modéstias para elevar o meu ego ao lugar mais alto do pódio. Desta vez, acreditem, não estou a usar figura de estilo.

Eu conto. No dia 28 de Maio de 1972, inaugurava-se com toda a pompa dos tempos coloniais, o Autódromo Internacional de Luanda. Uma enchente de povo a engalanar a bancada e todo o circuito, O Governador de então, não me lembro do nome dele, a bordo de um Mercedes descapotável, deu uma volta à pista seguido de todos os carros que iam correr nesse dia festivo.

Eu queria muito participar da festa mas não tinha carros para aquelas andanças. Fui ter com o meu grande amigo de sempre, o Renato Fraga, que tinha uma equipa de competição chamada Team Mocar, com vários Ford Capri 2.600GT.

Os organizadores, na sua boa vontade de homenagearem os pilotos mais antigos, decidiram fazer a corrida inaugural dedicada aos pilotos da "Velha Guarda". Mas eu não tinha carro e queria muito correr. Fui falar com o Renato a ver se ele me emprestava um carro para participar. Já estavam todos tomados. Um cliente dele, ouvindo o meu lancinante pedido, pergunta-me, sem me conhecer de lado nenhum: "mas você quer mesmo correr na inauguração?". E eu: "quero, pois." E ele: "então corre com o meu carro, porque eu só vou correr na prova dos Consagrados". E eu: "não tá a gozar comigo, pois não?". E ele: "oh! Renato, diz lá aqui a este teu amigo que sou um tipo de palavra". E o Renato: "eh pah, aqui o Waldemar está a falar a sério. Já tens carro para correr". E foi assim que participei na prova inaugural do Autódromo de Luanda.

A sorte esteve do meu lado. Tinha um adversário muito forte, em carro idêntico, o engº. Henrique Bandeira Vieira. Ele arrancou melhor do que eu. Eu tremia tanto na grelha de partida que quase me esquecia de levantar a embraiagem para arrancar. Após um perseguição de faca na boca (deixem-me dramatizar um bocado a estória), consegui ultrapassar o Henrique e cortar a meta em vencedor. Eu nem acreditava que tinha ganho. A minha alegria era imensa. Não só ganhara a corrida mas também ficava creditado como o primeiro vencedor do autódromo de Luanda. Recebi imensos troféus e medalhas. Mas, o mais saboroso, foi ter subido aqueles degraus do pódio, até ao mais alto.

Me desculpem qualquer coisinha mas não consigo conter a emoção daquele dia, faz agora 38 anos.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Muxima, um lugar mágico

Muxima é um lugar mágico. A palavra quer dizer coração em kimbundu, a lingua do Bengo. Gosto de ir a Muxima, sentar-me na igreja do século XVI, e ficar ali sem olhar para o relógio. É o maior lugar de culto católico de África. Gosto de ir a Muxima, ficar a falar com as crentes, sentadas no exterior à sombra de frondosas mulembeiras. São elas que cuidam da igreja.
Descalçam-se à entrada e fazem a distância entre a porta e o altar, de joelhos, rezando. Outras, postam-se junto do altar e "conversam" com a imagem da santa. Mostram oferendas, fotos de entes queridos. Falam como se falassem com a mais íntima das amigas. Mas não se ouve o que dizem.
Gosto de ir a Muxima. Ali, respira-se paz, conforto interior, sensação de bem-estar. A igreja é luminosa e arejada, a porta principal e as laterais estão sempre abertas. É um lugar para se estar.
É preciso ir a Muxima uma vez na vida. Mesmo que não se seja praticante. Mas ir depressa porque, qualquer dia, erguem lá um santuário gigantesco, com projecto já aprovado como se quisessem transferir Fátima para ali.
A senhora da Muxima não vai gostar de mudar de casa.














quinta-feira, 29 de abril de 2010

A NOVA ORDEM

Estamos a caminho de uma Nova Ordem Mundial destinada a dominar as pessoas, eliminar as nações, impor novos paradigmas.
Os trabalhos já decorrem há anos mas, agora, com a “globalização” percebe-se melhor e mais rapidamente tudo o que está a acontecer no mundo.
Não consigo aceitar que a crise mundial não tenha sido prevista a tempo de ser evitada, como não consigo perceber que o 11 de Setembro tenha acontecido sem que a super-potência não o tenha previsto que os centros vitais da nação – Pentágono, Torres gémeas, símbolos do capitalismo – iriam ser atacados logo no exacto país dos super poderes electrónicos, dos super-espiões, dos super-contraterroristas, do super-exército, enfim o país mais poderoso de todos.
Custa-me a aceitar que a crise tenha desencadeado todo o caos instalado no mundo sem que os grandes economistas não tenham sabido evitá-la. Os mesmos que agora, cândidamente, vêm explicar as causas e sugerir soluções. Em Portugal, ex-ministros da Economia, sucedem-se em fila diante as televisões para darem razões e explicações da falência do país. FMI, essa sombra negra que domina o mundo, agências de rating, que ordenam a classificação das capacidade de pagamento de dívidas dos países, vão colocando as pressões sobre os mais fracos para, daí, partirem para o seu controlo.
Não sei porque se há-de andar a apupar e a procurar “la petite bête” contra o José Sócrates para o desalojar do poder quando ele, como muitos outros primeiros-ministros, não passam de peões no xadrez da Nova Ordem!
Paulatinamente vai-se caminhando para a destruição das nações, para a desagregação dos povos, para o desaparecimento da família, para o controlo mundial da crença católica. Aquilo que os navegadores fizeram há mais de 500 anos quando andaram a descobrir novos horizontes - dos quais os portugueses foram os mais adiantados – com o fim de “expandirem a fé, de evangelizarem os povos”, continua agora a acontecer com as viagens dos Papas.
Uma religião única seria o ideal para a Nova Ordem; a católica? A islâmica?
A desagregação dos povos e seu domínio não aconteceu somente com o colonialismo inglês, francês, português, holandês, alemão. Está a acontecer com a invasão do Iraque, do Afeganistão. Vai acontecer com a invasão do Irão, do Vietname e de outros países incómodos para os americanos.
O que está a passar-se com a Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda, são passos largos para o domínio destes países pela Nova Ordem. Não é preciso que algum exército entre nas suas fronteiras. A invasão está feita por vias mais subtis: esgotar a capacidade de realização económica e financeira. Aquilo que os bancos fazem com as pessoas para tomarem conta dos seus bens, endividando-as até à asfixia financeira, estão as agências internacionais a fazer com os países.
Cada vez mais, a Nova Ordem toma conta da vontade das pessoas, sob a capa da democracia e da liberdade. Cada vez mais os poderosos vão tomando conta dos fracos. A eliminação progressiva da classe média nas sociedades não é mais do que o passo para o controlo das maiorias pobres e endividadas pelos ricos imunes às crises que eles próprios criaram.
Mas alguém é capaz de acreditar que tantos iluminados por esse mundo fora não tiveram capacidade para evitar a tal crise?


hs

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Páscoa


O Páscoa

A primeira vez que o vi foi perto da igreja da aldeia. O lugar era simpático, acolhedor. Uma frondosa árvore, dentro de um quintal de uma casa a cair de abandonada. Não lhe prestei muita atenção, pensei que era dali, pensei que até estava bem entregue, aos cuidados das bondosas mulheres que sempre povoam as igrejas das aldeias. Ou, quem sabe, aos carinhos que as crianças da catequese sempre deixam brotar quando distraídas das suas brincadeiras.
Foi uma passagem fugaz aquela que me proporcionou o breve encontro. Homem de cidade, mesmo na tranquilidade do trânsito da aldeia, que é nenhum, e, ainda sob a protecção da sombra da árvore e da igreja, não consegue libertar-se dos seus condicionamentos urbanos. Tem pressa de chegar, ainda que não tenha destino, e deixa de ver o que o rodeia.
A vista acabada de acontecer já tinha sido passada para as traseiras da memória rápida, corria o risco de nunca mais voltar ao cimo das lembranças. A vida é assim mesmo, dizemos nós na cidade. É feita de fugazes momentos. Ou será feita de fugas?
Entre pores de sol e noites de estrelas, passaram os dias, as memórias recentes não subiram à prateleira das lembranças, os contornos do ontem ficavam rapidamente cativos duma actualidade precária.
A igreja e a árvore, nas suas imensidões de tempo passado, eram aqueles marcos que o citadino precisa de usar para abrandar, nem ele sabe bem o quê. Stress, a doença da moda nas grandes cidades? O quintal estava vazio, a igreja fechada, faltava a razão do encontro e mil tormentosos pensamentos me atravessaram a mente. Perturbado pela ausência, achei por bem usar mais um daqueles subterfúgios de urbano e rumar, o mais rápido que o trânsito me deixasse (que era nulo), até à casa no cimo da rua onde, ao fim da tarde, tinha o costume de lavar os olhos naqueles verdes campos a perder de vista.
A recordação do encontro esvaiu-se com o regresso à cidade, perdeu-se nas nuvens do caos urbano. Era o regresso aos insistentes olhares nervosos para o relógio, a procura da segurança nos vidros fechados do carro, o mergulho nos labirintos do instinto de defesa.
Por altura da Páscoa, nova deslocação à aldeia e o cumprimento dos habituais rituais como ir ao café da Teresa tomar a bica de qualquer hora. E o reencontro com a tranquilidade. Há lugares que transpiram sossego e luz, é uma sorte encontrá-los. Lugares onde tudo é, natural onde até os automóveis parecem querer camuflar-se na paisagem. Parece haver uma ordem estabelecida e cumprida para não perturbar a Natureza.
Não sei bem como nem porquê, o meu olhar foi atraído para o portão do quintal. Ele ali estava, silencioso, como a fazer-me recordar a sua existência num súbito estremecimento de quase culpa. Era Páscoa, a alma estava mais aberta, mais receptiva a ajudar.
Agitei-me com a presença inesperada, fervilhavam-me pensamentos desencontrados sobre o que fazer. Ocorreu-me oferecer-lhe comida que ele, com alguma desconfiança de ser da rua, aceitou com parcimónia.
As visitas repetiram-se, vinha lá de baixo, postava-se em frente ao portão, aceitava a comida e voltava não sei para onde. Instalou-se em mim a ansiedade de o ver todos os dias. Estaria bem, precisaria de alguma coisa para além daquilo que lhe deixava à vista como anzol para apanhar a sua confiança?
Da prudência ao hábito diário ele pareceu entender que era ali que tinha encontrado um porto seguro onde se sentia protegido e até… acarinhado. Montou residência, inverteu o sentido das suas andanças. Nunca mais de lá saiu, o Páscoa.






*

segunda-feira, 29 de março de 2010

Não prestam.

As notícias do reino são péssimas, não deixam nenhuma margem de esperança, aquela gentinha ( como diz o sinhôzinho Malta da Madeira) lá do "Contenente", não tem juizo, continua a fazer tudo para ser despresada, desrespeitada. Aquela gente não presta, aquela gente é incompetente, aquela gente só está no poder para se servir, jamais para servir o país. Não há um que se distinga pela postura sólida e desinteressada de governante, de político oposicionista, de Presidente da República, de líder parlamentar e até o Dr. Marcelo já parece uma cassette desgastada pelo uso. O mal é quando "essa gente", essa inteligentzia nacional se convence da impunidade do que diz, da "importância" que se arroga. São os novos deuses do Olimpo da estupidez e da vacuidade. Não prestam.
Quando aparece alguém com outro tipo de discurso, como Fernando Nobre, dá a impressão de que acabou de chegar de outro mundo e ainda não viu em que país caiu.
Dissecar a inutilidade "dessa gente" levaria muitos posts, acho que não vale a pena. As pessoas de bem sabem em quem estou a pensar.
É que não deixa de ser preocupante notar que instituições que deveriam ser credíveis em todos os momentos, passaram ao discurso do "aos costumes disse nada". Olhem para alguns dirigentes sindicalistas, como o presidente da UGT que, quando abre a boca, é para dizer as maiores vacuidades, do alto da sua bem instalada cadeira de chefe de coisa nenhuma. Até mesmo o outro dito da esquerda, da CGTP, um homem credível que já perdeu o fulgor da luta e e a força do argumento. Olhem para aquele Presidente da República, vestido de fato e gravata para plantar uma árvore e para ir apanhar lixo ao domingo, quando não arranja uma importante visita de Estado...a Andorra!. Mas, quem é que "essa gente" julga que engana?
E, aqueles senhores muito sérios que agora aparecem na televisão a "deitar tudo abaixo", com o senhor Medina Carreira à frente? Especialistas em diagnósticos, incapazes de "operar" é o que são.
Estavam à espera, meus caros leitores, de me atirar ao Sócrates e de o meter no meio "desta gente"? Não vou nessa, amigos. Já há bastante "gentinha" a fazer campanha negra contra o homem, gente que não percebeu, não quer perceber que o primeiro-ministro de um país devedor da UE (União Europeia) não é mais do que um capataz que obedece às ordens o patrão. Essa coisa do PEC, de estabilidade tem zero, nós é que vamos ficar ainda mais instáveis. Essa gente não presta.
É preciso mudar o paradigma do país, ou, o país mudar o seu paradigma porque, "aquela gente", sentada nas duzentas e tal cadeiras do poder, "não presta".
Os partidos ou o sistema que os tornou imprescindíveis, está morto, esgotado, viciado.
Esta democracia precisa de ser revista, mudada, refrescada para voltar a ser DEMOS CRACIA.

Deixo-vos, meus leitores, com José Régio:
Soneto quase inédito escrito em 1969

Em memória de Aurélio Cunha Bengala


Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Um lugar, uma visão

Kipungo

À espera do pai

Pela estrada encarnada desfilam árvores e pessoas numa quase dança coreografada pelo ritmo do sol. Ali não são as horas a marcarem a vida, a única pressa visível é fazer parar o tempo e simplificar os problemas.
Como figuras de um quadro, as pessoas movimentam-se numa paisagem deslumbrante de verde. É aquele sítio mágico que nos transporta à força de uma Natureza pródiga e amiga à espera de ser devidamente aproveitada.
E se, em tempos, ali floresceu o cheiro dos cafeeiros, agora é a banana, a mandioca e o dendem que juntam as suas forças no sustento da sobrevivência de famílias à beira da estrada, onde, nem mesmo o pesado pó levantado por uma ou outra camioneta apressada no seu destino, as demove dos lugares cativos.
Que força dirige um povo onde a escola desaparece todos os anos com as chuvas e onde, todos os anos, é levantada numa teimosia de quem espera o dia em que alguém chegue ao lugar com uma carrada de cimento e uns tijolos capazes de segurarem a escola contra os seus devaneios libertários, embora a contragosto.
O soba Adriano Chico, 60 anos de sabedoria, dá voz ao sentimento: “Precisamos de tudo, nós cá não temos escola, não temos água, precisamos de uma creche, a escola é provisória e é levada pela chuva e pelo vento, todos os anos recomeça.” Na sua casa reune os notáveis do lugar, os representantes das 700 almas registadas. Havia notícia de pessoas de fora quererem ajudar mas a prudência assente em experiências anteriores obriga a ouvir todos e, a sabedoria conduz a uma paciente espera.
Em tempos recuados promessas foram feitas sem o devido cumprimento e, o soba Adriano Chico não tem pressa de voltar a ser enganado, não que as intenções não fossem boas, só que, ao não acontecer nada que viesse mudar o que quer que fosse, o mais velho já só acredita no que vê: “Queremos um pai que nos dá a promessa, não queremos que seja o padrasto a vir dar”
Quando a força das palavras é tanta que nem corrente, torna-se difícil entender a razão pela qual a acção fica a montante. Como é que pode faltar água num sítio onde um rio desdobra o seu manto luzidio, o Loma, e uma nascente só espera por transportes que a animem?
A corrente é outra e tem de ser vencida na dolorosa via da burocracia dos gabinetes enquanto, na sua infinita paciência, o soba Adriano espera a preferência da chegada do pai com a promessa, em vez d a vinda de mais um qualquer padrasto.
E assim vai deixando correr o tempo, com uma escola teimosamente sobrevivente, num lugar onde o paraíso mora ao lado à espera de alguém que lhe abra aporta.


Hélder de Sousa
(texto escrito em 2008, alusivo a uma ida ao interior do norte angolano, a um lugar chamado Kipungo (Quipungo), para os lados de Quibaxi, Pango Aluquém, enfim, algures por aí )

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A CANDIDATURA


O Dr. Fernando Nobre anunciou a sua candidatura à Presidência da República portuguesa. Uma candidatura livre de homem livre, uma candidatura despoluída de odores partidários, uma "pedrada no charco" do "deixa andar" nacional. Fernando Nobre tem corrido o mundo a ajudar outros, a salvar vidas. A sua mais recente missão foi no Haiti. Impaciente, insatisfeito, como que tendo recebido uma chamada, apronta-se para mais uma grande corrida, talvez a mais dificil da sua vida.
A seguir, o manifesto da sua candidatura, publicado no seu blog "Contra a Indiferença" (fernandonobre.blogs.sapo.pt) .

Decidi escrever estas linhas, no sentido de vos comunicar pessoalmente uma decisão de fundo que tomei enquanto cidadão independente e em nome dum imperativo moral e de consciência para Portugal, uma vez que tenho, por quem acompanha este blog, a maior consideração e respeito.

Resolvi assumir um compromisso com o meu país, Portugal. Serei candidato independente, apartidário e em nome da cidadania, a Presidente da República, nas próximas eleições de 2011.

Esta é uma decisão estritamente pessoal, enquanto cidadão que sou. Muito tenho escrito e dito sobre o dever de todos nós exercermos a nossa cidadania de uma forma activa e corajosa. Sinto que o País atravessa um período em que constantemente se põem em causa os valores e as pessoas, as promessas e os projectos. E sei a gravidade que essa atitude generalizada tem no futuro de todos nós. Acredito em Portugal! Acredito nos portugueses e nas suas capacidades. Somos, no mínimo, tão bons como qualquer outro povo do Mundo. E é isso que pretendo provar, candidatando-me a um lugar no qual penso poder fazer a diferença e dar o exemplo.

Informo por outro lado que a AMI, enquanto instituição absoluta e rigorosamente apolítica, não se imiscuirá neste assunto, estando completamente à margem deste processo.

Sou e serei sempre um ser livre. Rejo-me e reger-me-ei sempre por valores em que acredito e não por qualquer outro tipo de ambição. E neste momento acredito poder vir a ser mais útil num outro contexto.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Deu-me vontade de rir, de ver o cê bazar - por Manuel Rui























Não é preciso ir atrás dos motores de busca da net para se saber quem é Manuel Rui.
Daí que passo de imediato ao assunto que me trás aqui.
Manuel Rui arrisca-se a ter sido o primeiro escritor angolano de reconhecido valor, a interessar-se pelo novo acordo ortográfico da língua portuguesa, assinado e aceite por todos os componentes dos países luso-falantes, a começar pelo Brasil que já o está a aplicar.
Quem usa a escrita como forma de levar o prato à mesa, comos os escritores e os jornalistas, não pode assobiar para o lado quando se fala do acordo ortográfico. É ortográfico, note-se bem. Não vai mudar nada o linguajar de cada um dos falantes do português, do Brasil a Moçambique. É para se escrever mais simples. É para se aproximar a escrita do som. Nada de muito esquisito.
Como todas as mudanças, esta também provoca algumas hesitações, desconfianças até, algumas resistências. Sim, temos até 2012 para nos habituarmos à nova grafia. Não sei o que é as escolas do mundo falante em língua portuguesa já começaram – ou não – a fazer, no sentido de irem habituando os alunos à nova ortografia.
Sei é que um escritor de referência como é Manuel Rui, já deu o primeiro passo com o seu interessante quanto útil livrinho “O Semba da nova ortografia”, recentemente publicado em Luanda.
Semba é um tipo de ritmo muito angolano e o escritor imprime bem esse ritmo alegre nas suas versações sobre as mudanças que o português escrito vai sofrer.
Não resisti a partilhar um pouquinho daquilo que M. Rui deixou nas páginas do livrinho. Um sabor doce de intelectualidade com descontracção (aiiii, aquele c maroto vai ter de cair !!!!), a pensar nos que o vão ler.
Aí vão duas ou três páginas para se divertirem com o linguajar simples e pedagógico do escritor.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

homosexualidade


Vítor de Sousa assume homossexualidade

O actor de 63 anos assume-se no livro «3º Sexo», onde revela os tormentos que teve que ultrapassar na sua vida


Não tenho preconceitos sobre a chamada "orientação sexual" das pessoas. Cada uma "orienta-se" como melhor entender e ninguém tem nada com isso.
Custa-me a perceber a razão pela qual algumas pessoas, a certa altura das suas vidas, sintam necessidade de afirmarem a tal "orientaão" - norte? sul? leste? oeste? - mas o que é que isso pode interessar?
No caso do Vitor de Sousa, tudo o que me interessa é saber que ele é um excelente actor, uma pessoa extraordinária, e que me dê ainda por muitos e felizes anos muitas das suas extraordinárias interpretações. Mas que raio me pode interessar com quem ele dorme? Não tenho nada com isso e, mais, ninguém tem nada com isso. Esta doentia mania das pessoas gostarem de olhar pelo buraco da fechadura das outras adultera toda e qualquer forma de convivência normal e natural.
Mas, também me custa a entender porque é que as pessoas sentem necessidade de manifestarem a tal "orientação sexual". Para mim, isso não é mais do que uma sujeição a canônes estabelecidos pela sociedade, pela Igreja, por grupos de influência, por marialvas machistas e outros. Mas, porque é que os "gays" sentem necessidade de se afirmaem como tal? Por serem indescriminados? Por serem considerados um grupo socialmente reprovavel?
Mas o que é que a gente, nós, temos a ver com quem dorme com quem?

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Invictus

Vale a pena ir ver o filme e retirar dele todas as belas mensagens. Não é só o poema de WEH, que Nelson Mandela lia na cela nº 46664 para ganhar forças contra o apartheid, mas também, pela lição de humanismo e visão política dada pelo grande estadista africano. Mandela segurou as pontas de um país dilacerado pelo "desenvolvimento separado" que era o nome que o regime de então dava ao apartheid e viu que, através do desporto, de uma modalidade que era somente praticada por brancos, o rugby, podia ser o grande elemento catalizador da nova África do Sul .
Vale a pena ir ver o filme, as magníficas interpretações de Morgan Freeman e de Matt Damon numa realização sem falhas de Clint Eastwood.



INVICTUS
(William Ernest Henley)tradução de André Masini

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Dissidências


Há sempre dissidências....

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