segunda-feira, 28 de abril de 2008

Reticências apenas !...


Reticências...
Reticências da vida...
Reticências vividas...
Reticências de reticências...
Lili Laranjo acaba e publicar o seu 4º livro de poesia "Reticências apenas!..."
Nos dois últimos, Cidália de seu nome, deixa escapar o grito de saudade da terra onde cresceu, se fez mulher e mãe...
neste, Lili é mais reflexiva...e mais universal.
As inúmeras ilustrações de sua autoria - incluindo a capa - completam o toque de sensibilidade artística da Lili.

sábado, 26 de abril de 2008

Liberdade


Parece que ninguém está contente com o "25 de Abril". Uns porque ainda falta cumprir o sonho revolucionário, outros porque no tempo da "outra senhora" é que se estava bem.

Neste dia, é reconfortante ouvir as declarações oficiais dos políticos. O Presidente da República, cuja insensibilidade para com a juventude quando foi governante deixou profundas marcas em gerações, veio, com ar piedoso, "denunciar" a ignorância dos jovens sobre a história recente do país. Mas então o que é que ele quer? Nos longos anos em que foi governante, dos milhões que recebeu da Europa, quanto é que ele "deu" para a educação para além dos muitos milhões para aquele mastodonte do Centro Cultural de Belém?

Os "capitães de Abril", os que não foram fazer negócios milionários de armas, formação militar, empresas de segurança, import-export com as ex-colónias, vêm a terreiro chorar saudades daqueles tempos de tempestade revolucionária e queixarem-se de que as reformas são baixas.

"Retornados" abrem os baús das memórias e deixam cair mais uma lágrima saudosa sobre a foto do que "lá tinham".

Toda a gente se queixa do "25 de Abril" pelas mais variadas e pessoais razões.

De uma coisa não se queixa ninguém - da Liberdade que a revolução trouxe e o regime democrático institucionalizou na Constituição.


quarta-feira, 23 de abril de 2008

Dia do Livro


Continuo a preferir o livro em papel aos livros em suportes informáticos que os grandes de Silicon Valley tentam impor-nos. Não há nada como o contacto quente, sensual, quase carnal de um livro nas mãos. Tê-los arrumados em prateleiras, com as lombadas a convidarem-nos para um encontro que será sempre profundo, é ter a sensação da companhia de algo superior que nos transcende.

sábado, 19 de abril de 2008

O real e a fantasia


Como sempre, vou ao Café da Teresa buscar as vianinhas do costume. Quatro chegam para alimentar o pequeno almoço. Lá para o fim da tarde, passa a carrinha do Carlos, enchendo a rua de prolongadas buzinadelas, tipo sirene de ambulância mas sem doentes lá dentro. É a carrinha do pão - dos vários tipos de pão, menos carcaças - que pára à porta para te alimentar o jantar se as vianinhas da manhã tiverem acabado. Assim se vai vivendo na aldeia do século 21.
De manhã, no Café da Teresa, há mais mulheres do que homens, o que não deixa de ser peculiar. Todas vão lá tomar o pequeno-almoço. Galões, torradas, bolos, croissants, num festival de açucar escondido nos travesseiros, bolas de Berlim, pãezinhos de Deus e sei lá que mais delícias da pastelaria portuguesa. Não admira que as mulheres da manhã no Café da Teresa sejam roliças, obesas até. Entre conversas de mesa para mesa - elas conhecem-se umas à outras - irmanadas numa comunidade assente no café da manhã, as mulheres da minha aldeia, aquelas que não tomam o pequeno almoço em casa, discutem coisas impportantes da nossa sociedade. A nova namorada do Cristiano Ronaldo tem sido tema recorrente. Et pour cause. As revistas espalhadas pelas mesas são incitações subliminares à discussão do tema.
Nunca as ouvi falar do Governo, do Presidente da República nem mesmo do Presidente da Junta de Freguesia. Não devem fazer parte das suas preocupações. Nem falam da chuva e do bom tempo o que não deixa de ser notório numa região que vive à base da agricultura. Isso é conversa de homens.
Tomo o meu café, mentalmente calculo o custo das 4 vianinhas - 15 cêntimos cada uma dá 60 cêntimos pelas quatro - mais 50 cêntimos pela bica, ao todo 1.10.
Com ar compungido a moça dá-me a triste notícia. O pão aumentou, agora são 18 cêntimos cada.
Ah aumentou? Então levo três.
Café 50 cêntimos mais 3 X 18=54. Total a pagar 1.04.
Ainda dizem que vida está cara. Poupei 06 cêntimos.
Das mesas femininas chegam-me sons dispersos onde consigo distinguir algo como "mas ela não estava grávida"?
Acho que nunca saberei de quem estavam a falar.
Mas devia ser o assunto mais importante do dia.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A núvem


Hoje havia uma grande e ameaçadora núvem escura sobre as terras da minha vista.

E havia sol um pouco mais perto.

Momentos meteorológicos, passageiros.

Pouco depois, a minha vista chorava de chuva grossa.

E a núvem esbateu seus contornos na paisagem.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

LA DIVINA LOCURA


Es posible que el verde no sea el amarillo ni sea el azul, pero es posible que sea el amarillo y el azul mezclados.
Así son la realidad y la ilusión. ¿Existe la realidad?. Existe.
¿ Pero , todo es realidad?.
¿Existe la ilusión?. Existe.
¿Pero, todo es ilusión? ¿Se puede vivir sólo de ilusión o de realidad?.
Los inflexibles, aquellos que no se inclinan ni para saludar, dirán: La realidad es lo que vale. Dejemos los sueños a los tontos.
¿Podría el mundo avanzar si no existiera la ilusión sobre la vida?.
La ilusión es la ventana por la que el hombre sale de cualquier cárcel.
¿Por qué estoy hoy deambulando por los caminos inasibles unos, bien trazados los otros, de la ilusión y la realidad?.Porque termino de leer un poema de Fernando Birri que me ha impactado.

DON QUIJOTE Y LA MUERTE
(devaneos del flaco hidalgo mientras se está muriendo)

Estoy muriendo,
lo sé
porque entreabro mis ojos
y veo frente a mí la realidad.
Esa enemiga.
esa perra flaca
y gruñidora.
Buenos amigos me fueron
los sueños.
Y el más fiel,
el delirio.


Sancho, Sancho,
en cualquier lugar que tú te encuentres
ahora
no llores esta hora.
Tú ganaste.


Y cuando tú me decías
"son molinos"
yo lo sabía muy bien,
pero quería mostrarte
-no demostrarte
-mostrarte -
a ti que eras redondo
como el mundo,
a ti que eras el mundo,
el valor de la metáfora.


Molinos o gigantes
brazos o aspas,
qué diferencia pasa
entre el fulgor de mis ojos
que se extingue
y aquella otra estrella
Dulcinea,
muerta ha millones de años
que aún me sigue guiando ?


Sancho, Sancho,
tú eres la verdad.
Yo soy la mentira.


Pero cómo
quién
dónde
se explica
que con mi muerte
se te va la vida.

(fernando Birri-argentino ) Berlín-otoño del 96
Un poema que no exige explicación.Su mensaje es claro como "la realidad".La realidad es cruel,para enfrentarla necesitamos la ilusión. El Quijote muere cuando recobra la razón. La realidad, lo mata.
Beber un poco en la copa de la ilusión y la divina locura, es saludable.-
marita faini adonnino-Argentina

terça-feira, 15 de abril de 2008

O grande equívoco


O Presidente da República, cujas acções são conhecidas por nunca "dar ponto sem nó", decidiu pegar na sua Maria e ir passar uma semana à Madeira. Claro que, para justificar as despesas e não precisar de desembolsar os seus ricos euros, decorou o passeio com as cores de viagem de trabalho, com pendor cultural. Teve, à última hora, de amaciar uma outra vertente da sua excelsa visita. É que, para mobilar o programa de tão necessária como urgente deslocação presidencial os assessores presidenciais - aquela espécie de guarda avançada da chamada Casa Civil - tinham acrescentado uma importante actividade, seguramente percursora de futuros melhoramentos na vida dos madeirenses - contacto com as populações para avaliação do grau de desenvolvimento.


Isso é esquecer que a Madeira é governada há mais de 30 anos pelo mesmo reizinho que dança nas ruas em desfiles carnavalescos, cada vez mais semelhante na prática política àquele outro da Venezuela. Que a comitiva presidencial vá dar umas voltas "culturais" pela Madeira, o senhor da ilha ainda deixa. Mas contactar e avaliar o desenvolviento da região é que já não convém muito numa população onde 60% ainda é pobre. As obras de fachada realizada ao longo desses anos, úteis sem dúvida mas duvidosamente utilizadas como bandeira do regime madeirense, estão lá para justificarem as injecções de dinheiros do desenvolvimento comunitário. O turismo é na realidade a grande fonte de receitas da região. Sempre foi.


Graciosamente, porque não pode deixar de ser engraçado, é o grande equívoco em que esta excursão presidencial está envolvido e que o senhor da Madeira que já tratou - delicadamente como é seu timbre - o Presidente da República por "senhor Silva", conseguiu desoficializar a deslocação presidencial com a decisão de facilitar a não realização de uma cerimónia protocolar na Assembleia Regional a desejar-lhe as boas-vindas. Está percebido - sem as boas-vindas oficiais, a presença do Presidente da República na Madeira não é bem-vinda para o dono da ilha.


Admito até que para Cavaco Silva foi um alívio esta miúda trapalhada à moda da Madeira. Assim, ele e sua mulher, mais os assessores, poderão digerir com todo o tempo do mundo, os almoços e jantares oferecidos durante esta semaninha de férias "culturais".


Como diz povo: "são sempre os mesmos !!!!"

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Fogo que arde



Lá se vai arrastando aquela inutilidade olímpica que perdeu todo o significado e toda a glória. E, se por motivos publicitários, ainda merecesse algum respeito, o drama está em que nem por aí a chama, mais o facho, mais os patetas que a levam e a escoltam chegam ao patamar da dignidade.

Aquela parvoeira atingiu os cumes himalaicos do nonsense e só serve para meia dúzia de desocupados do mundo pegarem nuns quantos dizeres politicamente correctos e irem para a frente das câmaras de televisão. Achei uma graça contida ver aquele indivíduo já quarentão a ser levado por dois distintos cops ingleses e a declarar com o ar mais convencido do mundo que “é preciso libertar o Tibet”. Já agora - odeio esta lusitana manifestação de oportunismo mas, pronto, saiu - porque não aproveitar a presença das câmaras de televisão atracadas à porcaria da tocha (olímpica?) para reivindicar a libertação de outras zonas do planeta?. Como “aquilo” vai demorar uns tempos até chegar à China, os manifestantes profissionais poderiam fazer um contrato mais alargado e promoverem, à frente das câmaras de televisão à espera de mais umas detenções em directo, a libertação de outras regiões tipo Madeira daquele bronco do Jardim, ou do Algarve daquele pateta do Bota. Seria giro, sempre traria alguns dividendos e a televisão estaria por lá, obviamente.

Compreendo que a coisa tem a ver com a China e com os multimilionários jogos olímpicos em que participar não é o mais importante, me desculpe o senhor de Coubertin. Compreendo que se está a aproveitar a visibilidade dos Jogos para denunciar o desrespeito pelos direitos humanos na China. Compreendo que dá um jeitão aos guardiões dos bons costumes “ocidentais” a China fabricar tudo o que se compra no Ocidente a preços da chuva mas com uma lagrimazinha fugidia no olho para apaziguar a consciência desconfortável de se saber que grande percentagem das pechinchas foi feita por crianças mais ou menos escravizadas.

É um pouco como ostentar Armanis, Timberlands e outros Louis Vuiton e Chanel da Feira de Carcavelos e comentar que os ciganos são uns aldrabões. Please !!! Por favor, respeitem a inteligência alheia.

A política, que devia ser uma actividade digna e honesta tornou-se num meio de atingir fins pouco claros. E muito graças à televisão. O Tibet está a aproveitar esta excelente oportunidade para mostrar ao mundo que tem direito à independência. A China está a aproveitar esta oportunidade para dar uma iagem de modernidade e de “ocidentalismo”. Quando os jogos acabarem, voltará tudo ao mesmo lugar, a China continuará a controlar o Tibet e aquele simpático e inútil monge viajante de óculos pendurados num sorriso eterno, continuará a correr o mundo em busca já não se sabe bem de quê. Talvez angarie mas uns fiéis para o budismo mas não passará disso.

A televisão é que faz acontecer as coisas e já não são os acontecimentos que provocam a televisão. O aproveitamento mediático da passagem do facho – olímpico? – pelo mundo reduziu a zero a mística do significado histórico e multiplicou por mil o valor comercial daquele fogo fátuo. Tornou-se ridículo e sem valor esta progressão da chama que deixa um rasto de manifestações por esse mundo. As ameaças de boicote de algumas valquírias do politicamente correcto só contribuem para agudizar a curiosidade sobre a China. O Comité Olímpico, sempre atento na recolha de mais uns milhões de dólares para os seus dirigentes, não deixará de promover tudo o que for necessário para encher os estádios e os hotéis. E, as televisões, estarão lá todas não só para vender tempos de antena mas também na esperança de que aconteça alguma coisa que perturbe o bom desenrolar dos ditos jogos.

São Jogos de plástico, sem alma, sem crença. Como o foram os de 1936, quando o Hitler se serviu deles para mostrar o seu poderio ao mundo apesar dos boicotes por causa da perseguição que já fazia aos judeus.

Os Jogos Olímpicos modernos não são mais do que os jogos da hipocrisia e do faz de conta, só se salvam os atletas, aqueles que não se drogam por uma medalha.

E, a chama, símbolo já não se sabe de quê, lá estará olimpicamente acesa, fortemente guardada e protegida, para ser apagada em cerimónia de adeus lacrimoso.

domingo, 6 de abril de 2008

Quanto dói?


Há dores que não deviam existir, nenhuma dor, aliás, devia existir, mas infelizmente é assim que a coisa funciona e a dor, não aquela do dói-dói no cotovelo, a outra que não se sente na pele e, contudo, está fortemente impregnada por baixo dela e puxa algo de indefinido no peito e cansa algures na cabeça, essa dor presente desde o levantar até ao levantar seguinte, numa sucessão premente, pressionante, esmagadora.
Uma dor residente desde o primeiro minuto, que vai crescendo e refinando e fica pairando no espírito como que a tomar conta para que ela não saia, para que fique e se prolongue como se, assim sendo, tomasse por fenomenal transmissão a dor alheia, retirando-lhe força na vã esperança de que o sofrimento alheio se torne mais suportável. Duvido que haja dor realmente suportável mas, se calhar, há uma hierarquia da dor que desconheço. E, aí, fico com a eterna questão a respeito do grau - é dor de grau quantos aquela que me assola agora? E a dor de quem retiro esta minha dor, é de que grau?
Quanto dói perder um filho em acidente brutal, na mesma altura em que se vai acentuar a recordação de um ano de perda da mulher companheira de uma vida?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

A mensagem


Somos, realmente, visitados por outros seres? Mas porque é que nunca nos mostraram nenhum, daqueles que dizem existir? Numa sociedade globalizada em que nada escapa à câmara do telemóvel ou à da televisão, admira-me que algum ser estranhamente extra-terrestre ainda não nos tenha sido apresentado. Aqueles desenhos circulares em várias partes do mundo, aqueles símbolos inexplicados, as marcas de civilizações antiquíssimas continuam a alimentar a fantasia e a curiosidae dos estudiosos.

Eu duvidava de tudo isso que não passava de invenção de gente estranha disposta a crer em deuses esquisitos até se me depararem estes desenhos numa praia. Certamente, quem os fez, tinha uma explicação plausível, provisória necessariamente já que mais hora menos hora, a maré levaria os traços e, quem passasse ali no dia seguinte, pouco mais encontraria do que uma areia lisa e alguns sinais de civilização materializados em garrafas de plástico e pedaços de rede de pescador.

Que mensagem continha este desenho?

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