O Presidente da República, cujas acções são conhecidas por nunca "dar ponto sem nó", decidiu pegar na sua Maria e ir passar uma semana à Madeira. Claro que, para justificar as despesas e não precisar de desembolsar os seus ricos euros, decorou o passeio com as cores de viagem de trabalho, com pendor cultural. Teve, à última hora, de amaciar uma outra vertente da sua excelsa visita. É que, para mobilar o programa de tão necessária como urgente deslocação presidencial os assessores presidenciais - aquela espécie de guarda avançada da chamada Casa Civil - tinham acrescentado uma importante actividade, seguramente percursora de futuros melhoramentos na vida dos madeirenses - contacto com as populações para avaliação do grau de desenvolvimento.
Isso é esquecer que a Madeira é governada há mais de 30 anos pelo mesmo reizinho que dança nas ruas em desfiles carnavalescos, cada vez mais semelhante na prática política àquele outro da Venezuela. Que a comitiva presidencial vá dar umas voltas "culturais" pela Madeira, o senhor da ilha ainda deixa. Mas contactar e avaliar o desenvolviento da região é que já não convém muito numa população onde 60% ainda é pobre. As obras de fachada realizada ao longo desses anos, úteis sem dúvida mas duvidosamente utilizadas como bandeira do regime madeirense, estão lá para justificarem as injecções de dinheiros do desenvolvimento comunitário. O turismo é na realidade a grande fonte de receitas da região. Sempre foi.
Graciosamente, porque não pode deixar de ser engraçado, é o grande equívoco em que esta excursão presidencial está envolvido e que o senhor da Madeira que já tratou - delicadamente como é seu timbre - o Presidente da República por "senhor Silva", conseguiu desoficializar a deslocação presidencial com a decisão de facilitar a não realização de uma cerimónia protocolar na Assembleia Regional a desejar-lhe as boas-vindas. Está percebido - sem as boas-vindas oficiais, a presença do Presidente da República na Madeira não é bem-vinda para o dono da ilha.
Admito até que para Cavaco Silva foi um alívio esta miúda trapalhada à moda da Madeira. Assim, ele e sua mulher, mais os assessores, poderão digerir com todo o tempo do mundo, os almoços e jantares oferecidos durante esta semaninha de férias "culturais".
Como diz povo: "são sempre os mesmos !!!!"
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