segunda-feira, 9 de julho de 2007

ESPECTÁCULO na NATUREZA

A ARANHA-MÃE


A aranha acabada de parir dezenas
De filhotes parecia bastante cansada,
A teia, onde os protegia das pequenas
E grandes agressões, estava bem treinada
Mimetizando um refúgio sem mecenas
Que os isolava numa tarefa não terminada.

Esgotada por cumprir o instinto básico
Da propagação da espécie pouco tempo teve
Para o repouso pois o alimento não era discrásico
Nem discutia por um motivo seco e leve,
E a fome, com persistência, nada tem de difásico.

Neste preenchimento da vida, a hierarquização
De valores
Não se coaduna com o cansaço nem com a emoção
E por mais que lhe custasse as bocas esfomeadas tinham razão,
Sem favores.
Tratou então de por o corpo e as gambias em acção
Com características de quem tem uma missão
Cujos odores
Se perpetuam no perfume da nova geração.

Eu, cada vez mais deliciado
Com estes fenómenos insignificantes,
Lá vou ficando melhor preparado
Para este envelhecer de contornos irritantes.
.
Estoril, 10 de Junho de 2007

Francisco da Renda

1 comentário:

Chá de Lucia Lima disse...

"...Eu, cada vez mais deliciado
Com estes fenómenos insignificantes..."

Kambuta, de insignificantes nada têm estes fenómenos. Não há cientista que deles não retirem soluções para concretizarem: As Grandes Descobertas da Ciência!

Acontece que, de tão simples nos parecerem: acabam por nos prender assim, nesse admirável enredo de palavras, qual teia, magníficamente concebida.

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