segunda-feira, 18 de junho de 2007

Predadores

O caso da pequena Madeleine, apesar do exagero mediático que lhe foi dado e ainda é, tem o mérito de fazer reflectir sobre assuntos tão repelentes e incómodos como a pedofilia e a prostituição infantil. À parte considerar-se ter havido notória diferença de atenção pelas autoridades policiais portuguesas entre o caso da menina inglesa e os casos conhecidos das crianças portuguesas, o facto é que se pensa e reflecte mais no tema hoje do que há um mês atrás. Pelo menos, terá esse mérito o que já é de acentuar. Não cumpre aqui comentar-se a actuação quer policial portuguesa quer jornalística da parte dos media ingleses. Mais tarde, quando o assunto amainar, talvez se venha a perceber o que realmente levou a imprensa inglesa a denegrir tanto a polícia portuguesa, como se a polícia inglesa tivesse resolvido todos os casos de pedofilia e de desaparecimento de crianças existentes na Inglaterra. Nem vale a pena discorrer sobre o facto de o Reino Unido, juntamente com outros países ricos como os Estados Unidos da América, o Japão, a Alemanha e a Austrália serem considerados por organismos independentes como dos maiores fornecedores de praticantes do chamado turismo sexual em destinos pobres como o Brasil, Tailândia ou Filipinas.
No rol das muitas dúvidas que estes assuntos me fazem despertar, uma inspira-me especial inquietação: porque motivo a pedofilia, o rapto e a prostituição de crianças não reúnem a mesma quantidade de meios humanos e financeiros e o mesmo empenho internacional que o narcotráfico? Ambas as actividades funcionam em rede, ambas são de dimensão global. Será que a pedofilia “preocupa” menos os Estados que a droga simplesmente porque a droga “fica mais cara” aos Estados do que a pedofilia?
hs

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