sexta-feira, 14 de março de 2008

Brasil, Brazil


Finalmente Portugal assinou o Acordo Ortográfico durante a visita do nosso Presidente da República ao Brasil por ocasião dos 200 anos da chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro. Depois de muitas resistências, Portugal vai ter de aproximar a sua forma de escrever da forma brasileira - vamos deixar cair os c e os p mudos, isto é, aqueles que não serviam para nada em "activo" ou em "baptizado". Para quem trabalha com a escrita como eu, acho que vai ser necessária uma fase de adaptação à nova ortografia, aliás já prevista para só entrar em real funcionamento daqui a uns anos.
Por mim, fico de bem com as mudanças até porque, se tiver dúvidas (e quem as não terá?) há sempre forma de recorrer a um bom corrector ortográfico. Mas não posso deixar de reflectir sobre este fenómeno maravilhoso que são as línguas escritas e faladas, especialmente no que respeita ao português nas suas variadas vertentes - brasileiro, angolano, moçambicano, caboverdeano, etc. O português falado com outra pronúncia que não a de Lisboa já eu falava em Angola faz tempo. E o português escrito como se falava em Angola já eu li muito graças às obras do Luandino Vieira, meu velho companheiro de outras andanças. Mais tarde, por via profissional e de amizades de colegas brasileiros fui ao Brasil várias vezes, colaborei pontualmente com a Rádio Bandeirantes na fórmula, e fui correspondente na Europa da revista electrónica MotorCar do meu amigo Silvio Porto. Nessas caminhadas, fiz novos amigos em Minas Gerais, no Rio e em S.Paulo. Agora, neste interessante universo dos blogues, tenho vindo a fazer novas amizades como a mais recente de Lumma no seu Conta Gotas. Enriqueci o meu conhecimento do Brasil e dos brasileiros através da leitura de vários autores brasileiros para além dos amigos. Julgo ter ganho alguma experiência em relação ao país e ao povo . Não alinho, portanto, no estereótipo frequentemente usado aqui em Portugal segundo o qual os brasileiros só gostam de samba, futebol, praia e carnaval. Pura ignorância para não lhe chamar pura demagogia.
Para não me alongar mais, direi simplesmente que acho muito útil para nós a imigração brasileira que nos ensinou a sermos mais afáveis nos lugares públicos (restaurantes, atendimentos ao público) nos deu novos horizontes no campo da publicidade, do marketing, da arte da paginação e nos despertou para a realidade que é o grande Brasil como mercado turístico e de negócios. "Eles" diz-se, ainda estão na gama dos países ditos do terceiro Mundo mas, em muitíssimos aspectos, "eles" estão a léguas de nós.
Nunca tive complexos em dizer que a lingua portuguesa se mantém viva e evolutiva graças ao Brasil. Por alguma razão, quem aprende português, o acha mais fácil na vertente brasileira do que na portuguesa. Seria bom que nos descomplexássemos de vez em relação ao Brasil e ao português brasileiro e deixássemos de ter a mania de que nós é que falamos o português correcto (ou será correto?).
Venha daí o acordo, por muito que seja polémico ... ou...polêmico?

5 comentários:

Anónimo disse...

Hola Helder ... amigo do coração e alma tb ... agradeço pelo destaque do meu blog no seu cantinho. Adorei a postagem sobre a escrita portugal/brasil ... com certeza isso estreitara ainda mais nossos laços. Bjs azuis no seu coração e que sua semaninha seja de plena felicidade regada com muita paz.

Anónimo disse...

Hola amigo do coração e tb da alma ... obrigada pelo destaque em seu blog do meu cantinho. Adorei essa postagem, é muito bom saber que vamos ter nossa escrita iguais ... Bjs azuis em seu coração e que sua semana seja repleta de pura felicidade regada commuita paz.

marita faini adonnino disse...

Los pueblos tienen vida y por lo tanto evolucionan, impulsados por la vida misma que encierran.
La lengua y el habla de Brasil irremediablemente tenía que diferenciarse de la de Portugal.Es como los hijos, jamás repetirán el molde exacto del hogar de sus padres.
Los países americanos difieren en la lengua y habla de sus "madres patrias",porque aquí ya vivían pueblos con sus culturas y sus idiomas.Luego, además, vino el caudal de las voces extranjeras aportadas por la inmigración.
La Real Academia Española editó un diccionario panhispánico con los 54.000 términos más vivos del idioma que utilizan 400.millones de hispanohablantes, donde se acepta el voseo y el yeísmo, entre otras .Este diccionario recoge la voz del pueblo y así, entiendo, han hecho Brasil y Portugal:dar valor al valor de la palabra.
En la flexibidad está la vida y el avance- Felicitaciones hermanos brasileños, amigos portugueses.

Chá de Lucia Lima disse...

D'acordo :-))) com o "acordo" mas, angolanamente falando << Opá, que vai ser lixado, vai!>>
Mas é a tal adaptação inicial que, para mts levará uns anitos...

Anónimo disse...

"Angolanamente falando vou andar "paiado" por uns tempos ....mas a coisa resolve-se."
Para mim a lingua está em constante mudança e era de prever esta situação, neste caso a maioria venceu (Brasil).
A.A.

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