quinta-feira, 23 de setembro de 2010

TAIKO, Tambores japoneses


Tachibana Taiko Hibikiza, da província de Miyazaki, na ilha de Kiyusho, a mais a sul das quatro que compõem o Japão, são a nova geração do Taiko, com um som renovador. Já é considerado um dos principais grupos de Taiko no Japão Trazido a Lisboa pela mão da embaixada do Japão, o Tachibana Taiko Hibikiza actuou no Parque as Nações, sob um sol escaldante e em condições acústicas medíocres. Talvez por isso eles se ultrapassaram e deram um concerto memorável que, humildemente, trago aqui para partilhar com vocês, embora o meu equipamento de imagem seja mais que amador.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Contributo para a natalidade

“Este país” não cessa de me espantar eu que já tenho idade para não me admirar com nada. Gostava de poder gozar os meus dias numa relativa paz de espírito, conjecturando sobre “a chuva e o bom tempo”, me preocupando com coisas fúteis, descartáveis, encher os dias de quase nada e de coisa nenhuma, usar lugares comuns como estes e não ter que olhar à pureza do novo acordo ortográfico.



Mas este país faz tudo para me manter desperto e me causar algumas angústias de cuja maioria me julgava liberto. Já lá vai o tempo em que eu lia, absorvia, respirava Sartre e a Simonne, Malraux e Camus e me angustiava na medida exacta da minha idade de ter sede de conhecer.


Sem precisar de exercer grande esforço sobre os meus cansados neurónios, recapitulo algumas das raridades com que “este país” me presenteia com mais frequência do que seria socialmente aceitável. O caso Casa Pia, com os seus oito aninhos de terror sobre todos os intervenientes que me oferece a cereja no topo do bolo com a incompetência informática a desculpar mais uma semana de atraso na entrega da papelada aos advogados. O caso Carlos Queirós, uma refinada versão sul-americana da intriga e da politiquice barata e porca.


Desta vez não entro na política caseira simplesmente por não ter sentido nenhuma reacção epidérmica que me levasse a expurgar raivas incontidas. Os políticos ainda estão de ressaca das férias, por isso, em banho Maria. Não contam.


Nada do que anda a causar espanto e alguns sorrisos mal velados pelos corredores internacionais sobre “este país” se iguala, em novidade e dimensão, à mais recente conclusão retirada, seguramente, de altos estudos: “este país”, na abertura do ano lectivo, registou uma quebra de 50 mil crianças em relação ao ano de 2.000. Uma das causas para o decréscimo de inscrições no ensino, dizem por aqui, está na quebra de natalidade. As estatísticas mostram que de 120 mil crianças nascidas em 2.000 “este país” só festejou 99 mil nascimentos em 2009.


Me parece que o grande problema dos portugueses não está em serem só especialistas do caricato. Esta baixa significativa em produzir criancinhas é causa bastante para angústia. Já não basta ver-se “este país” a fechar portas de tudo quanto é fábricas e fabriquetas, para agora nos embasbacarmos com o fecho das fábricas de fazer meninos. É demasiada carga para a minha reserva de angústias.


Se a população activa não está capaz de mostrar as suas potencialidades, quem sabe se não seria bom chamar os “reformados”, os “jubilados” a darem mais uma prova de “sacrifício pelo país”. É só fazer as contas: se, dos 2 milhões de reformados, cuja idade média na hora da retirada da “vida activa” é de 59,6 anos, 50 mil procriassem (lembremo-nos, com a devida vénia do Charlie Chaplin), resolvia-se o problema do défice natalício “deste país”.


Não acredito que o atávico machismo luso tenha perdido capacidade de acções na horizontal.


As causas são, de certeza, bem mais profundas que não me cabe aqui penetrar. O contributo dos “mais velhos” na nobre luta pela demografia nacional seria, em meu modesto entender, não só um contributo patriótico mas também uma “chicotada psicológica” para os mais jovens. É que, se calhar, a maneira antiga dos mais velhos - seja ela qual for - poderia fazer toda a diferença!
Digo eu !!!!

domingo, 12 de setembro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

ACRÓSTICO

H OY, MAÑANA Y AYER

E N TUS ABRILES

L A LUZ DE TUS LUCEROS

D ESTELLARÁN Y DESTELLARON SIEMPRE.

E NTONCES, TOMO UNA ROSA TÉ PARA

R E G ALÁRTELA EN TU DÍA.

domingo, 29 de agosto de 2010

CR007, olha o degrau, podes cair


Não sei quem é o autor deste escrito sobre o "menino de ouro" do nosso futebol, o Cristiano Ronaldo.
O certo é que o autor toca em vários aspectos importantes do comportamento do jogador e do que representa sob vários pontos de vista.
~Transcrevo tal como me enviaram para o meu email.
Deixo ao critério dos meus amigos comentarem como acharem melhor esta excelente e interessante matéria, tanto mais que toca um fenómeno que abrange toda a sociedade.
Abraços.
..................................

CR 007



O mais recente James Bond do nosso futebol, parece-me, está a correr, em alta velocidade, para o abismo... O seu novo treinador terá uma palavra a dizer sobre isso, mas considero que há poucas probabilidades de aquela cabecinha conseguir perceber que há mais vida para além do futebol e dos milhões que ele proporciona a alguns (poucos). Não será, também, fácil, ele compreender que a dimensão do Homem vai muito para além do dinheiro e daquilo que ele pode proporcionar.



O seu êxito, até ao momento, parece-me estar mais ligado à "repetição" do que ao seu talento e criatividade. Arriscando alguma grosseria, direi que, sem a bola nos pés, CR pouco vai além de um bronco... Infelizmente para a equipa Portuguesa no Mundial, CR não passou de um jogador vulgar, previsível, sem ser qualquer mais-valia... Mas isso nem é o mais grave... O que para mim é verdadeiramente preocupante é a imagem que passa para os nossos jovens e que, na minha opinião, constitui um péssimo exemplo, de menino caprichoso, mimado e irresponsável, transformado em ídolo.



O tempo que dedica ao "mundo sem bola"converteu-o num iletrado, prisioneiro de hotéis de luxo, noitadas, namoradas bonitas e famosas, representante de um novo-riquismo que, também, alimenta uma série de parasitas.



Não faço ideia de quem o meteu nesta "alhada" relacionada com o seu filho que anunciou há dias, como de uma mercadoria se tratasse, já prontinha para render milhões uns dias depois de nascer... O "mistério" acerca da mãe que o gerou serve para fazer render o peixe. Tudo há-de ser desvendado, mas a conta gotas, à medida que a "cotação" for subindo, provocada pela curiosidade mórbida de uma boa parte dos humanos.



CR, relativamente a este assunto pôs a nu a sua "maturidade" e sentido de responsabilidade. Mostrou o homem que não é, pois converteu em "mercadoria" um "filho?"que devia ser o seu maior bem deste mundo, a que não pediu, a ninguém, para vir



A criança, que já vale não sei quantos milhões, certamente trocaria esta "salsada" toda por uma vida tranquila com um pai e de uma mãe que o amassem e acarinhassem.



O mundo está a ficar muito complicado com as loucuras que o dinheiro permite e com a falta de ética na utilização da ciência. Estamos perto da ausência de limites, para o que quer que seja. Vale tudo desde que seja para converter em dinheiro...



A falta de ética está no top, o dinheiro é Deus, mesmo para os crentes no Deus Pai!



Antes que seja tarde, temos que fazer parar esta "moda" de desumanizar. A imprensa pode e deve desempenhar um papel relevante neste combate. Não poderá, para isso, deixar-se arrastar por sensacionalismos doentios que corroem as práticas sociais e contribuem para que a anormalidade se banalize, se torne normal...



Feitas em nome dos avanços da ciência, aquelas "trapalhadas" de brincar com a vida humana, em clínicas para gente rica, são sinal de uma falta de ética deplorável que, se continuarem, arrastarão a nossa Civilização para a decadência e morte.



A atitude de, por "capricho", obrigar um filho a viver sem mãe, é um forte indício de atraso mental.



Mesmo não sendo um fervoroso crente, ouso dizer: - Não lhes perdoeis Senhor, porque eles sabem o que fazem!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Partir e Chegar, eis a questão.!!!!

Chegar, voltar, implica rever o que foi deixado antes da partida. Voltar a um lugar, não é o mesmo que voltar a alguém, a um ambiente, a um grupo. Há necessidade de um período de readaptação, de um reajustamento de velocidades do espírito e do corpo. Voltar será mais dificil do que...chegar??? Chegar, não será mais simples se despido da emoção do que se vai encontrar??? Chegar será, em rigor, terminar uma viagem, acabar uma rota, findar uma tarefa. Mas, se chegar implica um local onde já se esteve antes, seá, simplesmente, chegar fisicamente? Chegar, descer no terminal do comboio, nas Chegadas dos aeroportos. Chegar tem mais força do que ir para? Ou menos? Será mais, ir a ?
Pessoalmente, prefiro partir do que chegar. Partir tem sempre algo de imprevisto, de indefinido, de aventura. Chegar é mais concreto. Talvez mais exacto. O que existe entre o partir e o chegar é que é o grande desafio. Partir tem um ponto de....partida. Chegar tem um ponto de.... chegada. Mas, no meio, entre os dois, o que há???
Quando chego, quem me recebe não teve a minha partida. Quando parto, quem se despede de mim, não terá a minha chegada. Pelo meio, o percurso foi só meu? Se calhar a viagem não é somente ir de um ponto a outro mas sim ir de um ponto ao outro e regressar ao primeiro. Aí, então, quem se despediu, recebeu-me e, quem me recebeu, despediu-se.  Alguém ganhou, alguém perdeu.
Não é disso que a vida é feita????

sábado, 14 de agosto de 2010

La Peinture



Gao Xingjian



Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Gao Xingjian






Nascimento 4 de janeiro de 1940 (70 anos)


Ganzhou


Nacionalidade: Chinês


Cidadania: Francês


Ocupação: Escritor


Prémio Nobel de Literatura (2000)






Gao Xingjian (em chinês: 高行健, em pinyin: Gāo Xíngjiàn) (Ganzhou, 4 de janeiro de 1940) é um novelista, dramaturgo e crítico literário francês de origem chinesa. Também é um tradutor, sobretudo das obras de Samuel Beckett e Eugène Ionesco, além de se dedicar à pintura.






Gao Xinjian nasceu na cidade chinesa de Ganzhou, e cresceu em Taizhou, cidade da província de Jiangsu. Gao Xinjian naturalizou-se francês em 1997.






Foi agraciado com o Nobel de Literatura de 2000, por "uma obra de valor universal, de uma lucidez amarga e uma ingenuidade linguística que abriram novos caminhos para o romance e o teatro chineses".

terça-feira, 10 de agosto de 2010

REFORMAS MILIONÁRIAS




O Verão queima a cabeça de alguma gentinha neste rectângulo. À falta de notícias quentes, tipo Freeport, Casa Pia, incêndios (que são sempre mais do mesmo e fazem parte da agenda diária das redacções), o pessoal da dita Comunicação Social vira-se agora para o luso e divertido exercício de olhar para o buraco da fechadura dos outros. O tuga agarra-se ao atavismo como uma craca à rocha vulcânica. Não resiste a uma boa invejazinha sobre o que quer que seja. É o alimento da sua alma, a comida da sua “pesada herança”.

Anda tudo ralado com o facto de a Caixa Geral de Depósitos ter atribuído reformas de mais de 5.030 euros a 72 funcionários. A CS (leia-se Comunicação Social) toca sinos de alarme para o “crime” dessas pessoas. Até um ex-ministro de um Governo qualquer já passado vai “levar para casa” (a expressão ouvia-a num noticiário de televisão), como se fosse a uma qualquer banca de reformas e retirasse a que mais lhe agradasse, “vai levar para casa” (talvez debaixo do braço, num molho de jornais a disfarçar as sete notas de mil euros, as quais, diga-se em abono da verdade, nem sei se existem por nunca as ter visto), “vai levar para casa” mais de sete mil euros. Dos outros 71 ditos “milionários das reformas”, nada consta a não ser que fazem parte dos 72.
Apesar da crise e das medidas de austeridade do Governo, a verdade é que em comparação com o ano passado, há mais 11 casos das ditas "reformas milionárias".
"So, what?", perguntaria o meu amigo inglês.

Custa-me a perceber que as coisas sejam postas numa base de “levar para casa”. É que, tanto quanto sei, ninguém leva para casa o seu salário assim, dessa maneira imoral, criminosa, baixa, como estão a querer dar a entender. É por transferência bancária.

O Estado, via Caixa Geral de Depósitos, decretou que as reformas “do Estado” – isto é, dos funcionários do…. Estado – não devem ultrapassar os 5.030 euros. Sucede que muitos dos beneficiados vão receber a reforma com ajustes de situações absolutamente legais. Mas quem foi que fez as contas das reformas ditas “milionárias”? Foram os próprios funcionários? Não. Foi o sistema financeiro do Estado.

Mais uma vez, acho que o problema deve ser visto por um outro prisma. Que, aliás, os americanos andam a debater há bué de tempo. Os prémios, os salários e as reformas (essas sim milionárias) dos gestores das grandes empresas. Aí, entra-se numa pescadinha de rabo na boca. Os prémios, os salários e outras benesses são regulados e decididos pelas Assembleias Gerais. Funciona com espírito corporativo. Dou-te benesses agora para as receber mais tarde. Ninguém espreita pelo buraco da fechadura dos outros para que os outros não espreitem pelo seu buraco da fechadura.

É ao Estado que cumpre fazer a devida distribuição da riqueza. Que o faça, de forma justa e equitativa.

Alguém ouviu falar da questão em relação aos países escandinavos, por exemplo?

Mas estamos em Portugal, na Tugalândia, aquele país (inho) de coisas pequenininhas, com muitos inhosinhos (a sua continha, o seu embrulhinho, a sua facturinha, a sua dividazinha, a sua casinha) onde metade da população aperta o cinto para sobreviver e a outra metade não aperta nada por falta de cinto. Os ricos e os “milionários da reforma” não entram nestas estatísticas.

E, num heróico esforço de moralizar a questão, os políticos acharam por bem reduzir os seus salários em….5%. Fantástico. Isso é que é dar um exemplo de solidariedade. Coitados: de 3.000 euros, fora todas as outras benesses, fazem o supremo sacrifício de contribuir com….150 euroooosssss…. Não é lindoooooo ?????? Por mim, voto já em todos.

Não sei se o Presidente da República também decidiu solidarizar-se com o Povo. Sendo quem é, duvido.

Ganância. A questão é ganância. A questão é falta de hombridade cívica, é ausência de ética, défice de solidariedade social. O exemplo que… não vem de cima, nem de lado nenhum.

Discutam o que quiserem, convidem os comentadores que quiserem, façam os seminários e as parangonas que quiserem. Mas não enforquem na praça pública sem julgamento prévio, pessoas que, afinal, só cometeram o crime de….estarem no país errado.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Ritmo e cor - Kilandukilu

A  plástica do Ballet Tradicional KILANDUKILU, de Angola.


Fotos da minha autoria, tiradas no espetáculo realizado em Maio, em Abu Dahbi,promovido pelo embaixador de Angola nos Emirados Árabes Unidos, Rui Mangueira, em comemoração do 8º aniversário da Paz em Angola.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

luz


Estas fotos foram tiradas em Angola, há muito pouco tempo, ainda neste ano de 2010. A caminho do Uíge, na vila de Camabatela, a Igreja matriz impõe a sua presença a cada passante. A originalidade da arquitectura obriga a uma paragem e a uma visita ao interior.
Camabatela foi fundada em 1611 e foi elevada a vila em 14 de Julho de 1934. Festejou, há poucos dias, 76 anos.
Em 1961 foi um dos centros de acção nacionalista no início da luta pela independência de Angola.
O que me chamou à atenção foi o facto de a Igreja ser um dos poucos edifícios totalmente conservados e mantido num estado absolutamente impressionante de limpeza e funcionalidade.
O interior está recheado de imagens de santos. Numa das fotos vêem-se fiéis a orar à ... Nossa Senhora de Fátima.
Tal como na Igreja da Muxima, são as "mães" que tomam conta de tudo no templo, gerido, desde a sua fundação, por frades Capuchinhos.
No altar principal, chamou a minha atenção aquela cruz com o Cristo cruxificado, que tentei enquadrar com a luz do vitral.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

HIGUERAS

Tive sempre um fascínio pelos grandes artistas, fossem eles de qual arte, pintores, bailarinos, escultores. Foi esse fascínio que me levou, em jovem, a procurar Maurice Béjart e o “Ballet du XX ème siècle”, com quem trabalhei no Bolero de Ravel, no Théatre de La Monnaie em Bruxelas, e em várias outras obras do grande de mestre do bailado. Foi esse fascínio que me levou a frequentar tertúlias onde eu bebia cada gesto, cada palavra, cada som, cada imagem e me emocionava em cada momento. E sempre me interroguei porque razão não fui dotado desses dons. Tudo bem, cada um é para o que é, diria alguém mais expedito que eu. Por exemplo: a escrita tem sido para mim um mar de descobertas, eu que sou jornalista há tantos anos que já quase me envergonho de dizer quantos. Eu que tanto já escrevi e nunca plagiei! Até descobrir Luís Fernando, o escritor angolano de quem bebo a riqueza da língua portuguesa.


Tive sempre tendência para conviver com gente das artes. São pessoas diferentes, não tenho outra qualificação para elas. Mas não sei bem dizer em que é que são diferentes e correria grave risco de estupidez em defini-las.


Talvez porque essas pessoas me transportam a mundos mais bonitos que o da minha profissão? Talvez porque…têm um discurso diferente do habitual?


Tive o privilégio de conviver com a figura excepcional de Cruzeiro Seixas. Cruzei a minha vida com Maurice Béjart, Patrick Belda, Duska Sifnios, Laura Proença, Tania Bari, Vittorio Biaggi, Germinal Casado, Paolo Bortuluzzi, bailarinos de Béjart.


Conheci e convivi com o pintor Vitor Belém e os  escultores Mário Seixas e Aida Sousa Dias. Mais recentemente, conheci Etona, o pintor angolano que enfeitiça pelas suas obras.


Há dias cruzei o meu caminho com Higueras, José Higueras e sua mulher Higorca, catalã, poetisa,  mulher de arte. E fico sem ar. Ao buscar jornalisticamente mais dados sobre as pessoas, encontro-me com seres superiores cujos nomes pouco mais são do que referências pouco mais servem do que para orientar. Falar com essas pessoas, ter o privilégio de as ombrear, a liberdade de trocar ideias com elas, é algo bem mais acima do trivial.
É entrar noutro mundo.

sábado, 24 de julho de 2010

Obesidade Mental

A Obesidade Mental - Andrew Oitke



O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity», que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.
Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna.


«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada. Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»


Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada..
Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema.


Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»


O problema central está na família e na escola.


«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.


Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas.


Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»


Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma:


«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas.
A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.»


O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade
fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.


«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»


Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.


«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.


Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.


Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve.


Todos acham que Saddam é mau e Mandela é bom, mas nem desconfiam porquê.


Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».


As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.


«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia.


Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.


Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam.


É só uma questão de obesidade.


O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.


O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental.»


(Por João César das Neves - 26 de Fev 2010)

Counter II

Counter