terça-feira, 14 de setembro de 2010

Contributo para a natalidade

“Este país” não cessa de me espantar eu que já tenho idade para não me admirar com nada. Gostava de poder gozar os meus dias numa relativa paz de espírito, conjecturando sobre “a chuva e o bom tempo”, me preocupando com coisas fúteis, descartáveis, encher os dias de quase nada e de coisa nenhuma, usar lugares comuns como estes e não ter que olhar à pureza do novo acordo ortográfico.



Mas este país faz tudo para me manter desperto e me causar algumas angústias de cuja maioria me julgava liberto. Já lá vai o tempo em que eu lia, absorvia, respirava Sartre e a Simonne, Malraux e Camus e me angustiava na medida exacta da minha idade de ter sede de conhecer.


Sem precisar de exercer grande esforço sobre os meus cansados neurónios, recapitulo algumas das raridades com que “este país” me presenteia com mais frequência do que seria socialmente aceitável. O caso Casa Pia, com os seus oito aninhos de terror sobre todos os intervenientes que me oferece a cereja no topo do bolo com a incompetência informática a desculpar mais uma semana de atraso na entrega da papelada aos advogados. O caso Carlos Queirós, uma refinada versão sul-americana da intriga e da politiquice barata e porca.


Desta vez não entro na política caseira simplesmente por não ter sentido nenhuma reacção epidérmica que me levasse a expurgar raivas incontidas. Os políticos ainda estão de ressaca das férias, por isso, em banho Maria. Não contam.


Nada do que anda a causar espanto e alguns sorrisos mal velados pelos corredores internacionais sobre “este país” se iguala, em novidade e dimensão, à mais recente conclusão retirada, seguramente, de altos estudos: “este país”, na abertura do ano lectivo, registou uma quebra de 50 mil crianças em relação ao ano de 2.000. Uma das causas para o decréscimo de inscrições no ensino, dizem por aqui, está na quebra de natalidade. As estatísticas mostram que de 120 mil crianças nascidas em 2.000 “este país” só festejou 99 mil nascimentos em 2009.


Me parece que o grande problema dos portugueses não está em serem só especialistas do caricato. Esta baixa significativa em produzir criancinhas é causa bastante para angústia. Já não basta ver-se “este país” a fechar portas de tudo quanto é fábricas e fabriquetas, para agora nos embasbacarmos com o fecho das fábricas de fazer meninos. É demasiada carga para a minha reserva de angústias.


Se a população activa não está capaz de mostrar as suas potencialidades, quem sabe se não seria bom chamar os “reformados”, os “jubilados” a darem mais uma prova de “sacrifício pelo país”. É só fazer as contas: se, dos 2 milhões de reformados, cuja idade média na hora da retirada da “vida activa” é de 59,6 anos, 50 mil procriassem (lembremo-nos, com a devida vénia do Charlie Chaplin), resolvia-se o problema do défice natalício “deste país”.


Não acredito que o atávico machismo luso tenha perdido capacidade de acções na horizontal.


As causas são, de certeza, bem mais profundas que não me cabe aqui penetrar. O contributo dos “mais velhos” na nobre luta pela demografia nacional seria, em meu modesto entender, não só um contributo patriótico mas também uma “chicotada psicológica” para os mais jovens. É que, se calhar, a maneira antiga dos mais velhos - seja ela qual for - poderia fazer toda a diferença!
Digo eu !!!!

2 comentários:

Higorca Gómez Carrasco disse...

Querido amigo: Es maravilloso que aún te sigas sorprendiendo ¿sabes porqué? Por que todavía tu mente, tu corazón y tus sentimientos son jóvenes, no deberían existir los espejos, por lo menos a según que edades, si no nos miramos pues felices. ¿Qué hay menos niños? Creo que es en todo el universo, ahora se trabaja más, quiero decir que nos conformamos con menos y no tienen tiempo las mamas de tener niños, se les deforma el cuerpo de yoguort, se les deforma la mente por que tienen poca "pasta" en fin de esa forma no hay manera de nacer niños, hay televisión, etc. Nada querido no hay niños...
Un montón de abrazos

marita faini adonnino disse...

¿Cuál es el fenómeno primordial, aquí presente de esta "reducción" de la natalidad ?
Quiero creer que todo se debe a un obligado cambio en la vida del hombre en sociedad.
Hoy todo está mutando,todo cambia, se transforma. Esta mutación responde a un ciclo que se da históricamente. El movimiento trae consigo el cambio, como todo lo que contiene el planeta y el mismo universo.
La familia ya no está conformada como lo estaba en la mitad del siglo XX.El divorcio abrió una brecha muy grande separando los miembros de esa misma familia y los niños fueron cambiando de padres.
En el hogar, generalmente, sólo el padre trabajaba. ya no, hoy toda la familia abre la puerta temprano y sale a la calle .
El mundo ofrece oportunidades y alternativas tentadoras.
Se viaja contantemente de un punto a otro del planeta.No se fija un hogar para siempre en una ciudad y los matrimonios ya no se juran un " hasta que la muerte nos separe".
La ciudad grande atrae como un gigantesco y fabuloso imán lleno de promesas y las personas vienen a la ciudad detrás de esas promesas. ¿y qué ofrece la ciudad a una familia? Casas con poco espacio sin patios ni jardines. no hay lugar para seis niños corriendo entre verdes y flores. No, lamentablemente, no.
El matrimonio es joven y aspira a nuevos emprendimientos, a estudios, no aceptan sacrificar sus sueños para criar niños.Es así la realidad, no es muy dulce, es así.
la ciudad pequeña. el pueblo donde nuestra infancia se deslizó feliz por patios arbolados,hasta llegar a la hora del almuerzo a rodear la mesa, quedó en el ayer.
Hoy la vida viaja en un tren bala.
El sentido de familia se va perdiendo, pero este fnómeno no es de hoy, comenzó hace varias décadas,y es parte de un ciclo obligatorio a cumplir, sucede que ahora se acentúa demasiado.
pero como la ley el universo tiene el ritmo oscilatorio del péndulo, es muy posible que el péndulo en su movimiento choque en el punto extremo y retorne a su punto original.¡ojalá así sea!

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