
Num país onde impera o arranjismo, o compadrio, o tachismo, pobres do governo não são, de certeza, os grandes bailadores da dança das cadeiras do poder económico, onde, em vez de menos uma que o número de participantes, há sempre uma mais para encaixar um leal servidor.
Desembrulhando coisas da vida (o fim de ano é bom para seleccionar o que transita o que vai para o lixo no ano novo) encontrei uns postais giríssimos feitos de cartazes de provas automobilísticas em Portugal. Foi aí, no alusivo ao "1º circuito internacional de Lisboa" que reparei no pormenor de a prova ser destinada "para os pobres do Governo Civil de Lisboa". E eu que do Governo Civil de Lisboa tinha a recordação de ser o lugar para onde mandavam presos os delinquentes Mas este cartaz, muito provavelmente do ano de 1953, não engana. Os fundos obtidos pelo ACP seriam para os pobres do governo civil.

Cinco anos depois, em 1959, o cartaz a anunciar a corrida de fórmula 1 do Campeonato do Mundo de Condutores, com o pormenor do Cristo Rei em fundo, ao longe, a menção da ajuda aos pobres surge em tipo pequeno e menos visível ainda.
Como que a dita ajuda do governo (civil de Lisboa) aos pobres fosse dominuindo à medida que os anos passavam.
Como, então, nos admirarmos com o que se passa hoje?
Finalmente, deixo-vos uma pérola, o cartaz alusivo ao "VII Circuito de Vila Real", que, suponho, é de 1938.
Dou-vos um bombom e uma senha de refeição se me disserem o que encontraram de curioso no cartaz.
BOM ANO, muita saúde, muita paz
Obrigado a todos os que enriqueceram este espaço com as suas intervenções e comentários. Obrigado mesmo do coração.