quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Pudim de Natal




Uma receita de Leonardo da Vinci, para a vossa Consoada:

Remover a pele e as espinhas de sete peixes brancos grandes, reduzir a carne a uma pasta que se mistura com o miolo de sete pães não muito tostados e uma trufa branca ralada, Ligar tudo com claras de ovos de galinha e cozer a vapor, num saco de estopa, durante um dia e uma noite. Na hora de comer, tomar cuidado para não haver surpresas com uma qualquer Santa Relíquia que tenha sido escondida no seu interior.

Bom proveito.
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A diversidade do saber de Leonardo da Vinci é hoje bem conhecido mas a sua curiosidade sobre a culinária é-o menos. Leonardo, que apontava tudo o que pensava e desejava fazer, deixou pouca documentação sobre os seus conhecimentos de gastronomia.
Neste capítulo da sua actividade, Leonardo terá ganho algum estatuto quando foi trabalhar para o senhor de Milão, Ludovico Sforza.
Corria o ano de 1473, Leonardo torna-se chefe das cozinhas da Taberna dos Três Caracóis, em Florença, perto da Ponte Vecchio. Farto de ver a polenta (papa de milho) omnipresente em pratos de carne, ciente do seu papel no movimento renascentista, Da Vinci desenvolveu uma ementa de pratos requintados naquilo a que hoje se chamaria nouvelle cuisine. Foi um fiasco. Os clientes preferiam as grandes e brutas pratadas. Leonardo achou que já não tinha lugar ali, voltou à pintura e ao Baptismo de Cristo.
A notícia do incêndio que destruiu a Taberna dos Três Caracóis reacendeu em Leonardo a ideia de voltar a cozinhar. De sociedade com o seu amigo Botticelli, abre, no lugar da Taberna ardida, uma nova com o opulento nome A Marca das Três Rãs de Sandro e Leonardo. Foi um fiasco.
Florença asfixiava o Mestre, Milão era o seu destino seguinte onde esperava impor de novo as suas teorias culinárias depois de ter fracassado em casa de Lorenzo de Medici, senhor de Florença.
Ludovico Sforza, senhor de Milão, seria o seu próximo patrão a quem entregou uma carta de recomendação escrita pelo seu próprio punho: “A minha excelência a construir pontes, fortificações e catapultas não admite comparação, e o mesmo se pode dizer de muitos outros aparelhos secretos, que não ouso descrever nesta carta. A maminha pintura e minha escultura são superiores às de qualquer outro artista. Sou superlativo a contar anedotas e a meter-me em sarilhos. E Faço bolos verdadeiramente inigualáveis.”
Com esta “modéstia” Leonardo acabou por receber de Sforza os títulos de Conselheiro para as Fortificações e Mestre de Festas e Banquetes. Foi então que iniciou os seus apontamentos hoje conhecidos como Codex Romanoff.

Algumas recomendações gastronómicas de Da Vinci:

“Testículos de Carneiro com mel e natas”
“Cristas de galo panadas.”
(convém que o galo tenha mais de 12 anos e a sua cabeça diste do chão uns 60 cm, ou mais, recomenda Leonardo.)
“Galeirão Cozido”
“Manjar de Joelhos Mistos
(são precisos um carneiro, um porco, uma vaca, três limões, uma pitada de pimenta e uma colherada de azeite. Os joelhos ficam a marinar durante um dia e depois são assados.
Bom proveito.
Elementos retirados do livro Apontamentos de Cozinha de Leonardo da Vinci, de Shelag e Jonathan Routh, editora Atena.

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