A propósito do último «post» do Helder, gostaria de dedicar estes versos a quem consegue sobreviver neste meu País repleto de contradições (o que não deixa de ser saudável).
FELIZES OS QUE…
Felizes os que se identificam pelo orgulho
Com a Pátria (seja Portuguesa ou Angolana).
O meu Portugal (Abril 74 a Novembro 75) foi com o gorgulho,
A minha Angola (Abril 74 a Maio 76) diluiu-se na sisalana.
Os restantes períodos destas Nações não causam engulho
Nem os rejeito, mas são frágeis como a porcelana.
Aprender a lidar com o que a maioria escolheu
Tem sido uma tarefa árdua e isolada como um ilhéu.
Não recorro a truques de mágica e enganadores,
Luto diariamente para não ser absorvido,
Recorro com frequência à técnica dos coleccionadores
E arquivo (sem orgulho) o pedaço que pode ser sorvido,
Pertenço a um ínfimo grupo de amotinadores
Que sobrevive (com raça), recusando ser reabsorvido
E no isolamento auto-infligido e propositado
Cresci, conquistando um airoso lugar inusitado.
Amo as folhas que dançam com o vento,
Renovo-me com o cheiro do orvalho matinal,
Recolho-me na dimensão do pôr-do-sol sem abatimento,
Solto as rédeas da imaginação no mar divinal,
Convoco a soberba natureza para um abalroamento
Comum em que idolatramos a verdade final
E, sem orgulho, pactuamos com os festins da fartança
Que os homens transformaram numa reles matança.
kambuta
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