domingo, 24 de outubro de 2010

ARTIGO NO PRAVDA sobre Portugal

Artigo do jornal russo Pravda sobre Portugal
recebido no meu email, de um amigo. Não é o que está na imagem.





Source: Pravda.ru



Foram tomadas medidas draconianas esta semana em Portugal, pelo Governo liberal de José
Sócrates. Mais um caso de um outro governo de centro-direita pedindo ao povo Português a fazer
sacrifícios, um apelo repetido vezes sem fim a esta nação trabalhadora, sofredora, historicamente
deslizando cada vez mais no atoleiro da miséria.
E não é porque eles serem portugueses.
Vá o leitor ao Luxemburgo, que lidera todos os indicadores socioeconómicos, e vai descobrir que
doze por cento da população é portuguesa, oriunda de um povo que construiu um império que se
estendia por quatro continentes e que controlava o litoral desde Ceuta, na costa atlântica, tornando
a costa africana até ao Cabo da Boa Esperança, a costa oriental da África, no Oceano Índico, o Mar
Arábico, o Golfo da Pérsia, a costa ocidental da Índia e Sri Lanka. E foi o primeiro povo europeu a
chegar ao Japão....e à Austrália.
Esta semana, o Primeiro Ministro José Sócrates lançou uma nova onda dos seus pacotes de
austeridade, corte de salários e aumento do IVA, mais medidas cosméticas tomadas num clima de
política de laboratório por académicos arrogantes e altivos desprovidos de qualquer contato com o
mundo real, um esteio na classe política elitista Português no Partido Social Democrata (PSD) e
Partido Socialista (PS), gangorras de má gestão política que têm assolado o país desde anos 80.
O objectivo? Para reduzir o défice. Porquê?
Porque a União Europeia assim o diz. Mas é só a UE?
Não, não é. O maravilhoso sistema em que a União Europeia se deixou sugar, é aquele em que as
agências de Ratings, Fitch, Moody's e Standard and Poor's, baseadas nos Estados Unidos da
América (onde havia de ser?) virtual e fisicamente, controlam as políticas fiscais, económicas e
sociais dos Estados-Membros da União Europeia através da atribuição das notações de crédito.
Com amigos como estes organismos e ainda Bruxelas, quem precisa de inimigos?
Sejamos honestos. A União Europeia é o resultado de um pacto forjado por uma França tremente e
com medo, apavorada com a Alemanha depois das suas tropas invadiram o seu território três vezes
em setenta anos, tomando Paris com facilidade, não só uma vez mas duas vezes, e por uma astuta
Alemanha ansiosa para se reinventar após os anos de pesadelo de Hitler. A França tem a
agricultura, a Alemanha ficou com os mercados para a sua indústria.
E Portugal? Olhem para as marcas de automóveis novos conduzidos pelos motoristas particulares
para transportar exércitos de "assessores" (estes parecem ser imunes a cortes de gastos) e
adivinhem de que país eles vêm? Não, eles não são Peugeot e Citroen ou Renault. Eles são os
Mercedes e BMWs. Topo-de-gama, é claro.
Os sucessivos governos formados pelos dois principais partidos, PSD (Partido Social Democrata da
direita) e PS (Socialista, do centro), têm sistematicamente jogado os interesses de Portugal e dos
portugueses pelo esgoto abaixo, destruindo a sua agricultura (agricultores portugueses são pagos
para não produzir!!) e a sua indústria (desapareceu!!) e sua pesca (arrastões espanhóis em águas
lusas!!), a troco de quê?
O quê é que as contra-partidas renderam, a não ser a aniquilação total de qualquer possibilidade
de criar emprego e riqueza numa base sustentável?
Aníbal Cavaco Silva, agora Presidente, mas primeiro-ministro durante uma década, entre 1985 e
1995, anos em que despejaram bilhões de euros através das suas mãos a partir dos fundos
estruturais e do desenvolvimento da UE, é um excelente exemplo de um dos melhores políticos de
Portugal. Eleito fundamentalmente porque ele é considerado "sério" e "honesto" (em terra de
cegos, quem vê é rei), como se isso fosse um motivo para eleger um líder (que só em Portugal, é!!)
e como se a maioria dos restantes políticos (PSD/PS) fossem um bando de sanguessugas e
parasitas inúteis (que são), ele é o pai do défice público em Portugal e o campeão de gastos
públicos.
A sua "política de betão" foi bem concebida, mas como sempre, mal planeada, o resultado de uma
inapta, descoordenada e, às vezes inexistente localização no modelo governativo do departamento
do Ordenamento do Território, vergado, como habitualmente, a interesses investidos que sugam o
país e seu povo.
Uma grande parte dos fundos da UE foram canalizadas para a construção de pontes e auto-
estradas para abrir o país a Lisboa, facilitando o transporte interno e fomentando a construção de
parques industriais nas cidades do interior para atrair a grande parte da população que assentava
no litoral.
O resultado concreto, foi que as pessoas agora tinham os meios para fugirem do interior e chegar
ao litoral ainda mais rápido. Os parques industriais nunca ficaram repletos e as indústrias que foram
criadas, em muitos casos já fecharam.
Uma grande percentagem do dinheiro dos contribuintes da UE vaporizou-se em empresas e
esquemas fantasmas. Foram comprados Ferraris. Foram encomendados Lamborghini, Maserati.
Foram organizadas caçadas de javalí em Espanha. Foram remodeladas casas particulares. O
Governo e Aníbal Silva ficaram a observar, no seu primeiro mandato, enquanto o dinheiro foi
desperdiçado. No seu segundo mandato, Aníbal Silva ficou a observar os membros do seu governo
a perderem o controle e a participarem.
Então, ele tentou desesperadamente distanciar-se do seu próprio partido político.
E ele é um dos melhores?
Depois de Aníbal Silva veio o bem-intencionado e humanitário, António Guterres (PS), um excelente
Alto Comissário para os Refugiados e um candidato perfeito para Secretário-Geral da ONU, mas um
buraco negro em termos de (má) gestão financeira. Ele foi seguido pelo excelente diplomata, mas
abominável primeiro-ministro José Barroso (PSD) (agora Presidente da Comissão da EU, "Eu vou
ser primeiro-ministro, só que não sei quando") que criou mais problemas com o seu discurso do
que com os que resolveu, passou a batata quente para Pedro Lopes (PSD), que não tinha qualquer
hipótese ou capacidade para governar e não viu a armadilha. Resultando em dois mandatos de
José Sócrates; um Ministro do Ambiente competente, que até formou um bom governo de maioria e
tentou corajosamente corrigir erros anteriores. Mas foi rapidamente asfixiado pelos interesses
instalados.
Agora, as medidas de austeridade apresentadas por este primeiro-ministro, são o resultado
da sua própria inépcia para enfrentar esses interesses, no período que antecedeu a última crise
mundial do capitalismo (aquela em que os líderes financeiros do mundo foram buscar três triliões
de dólares (???) de um dia para o outro para salvar uma mão cheia de banqueiros irresponsáveis,
enquanto nada foi produzido para pagar pensões dignas, programas de saúde ou projetos de
educação).
E, assim como seus antecessores, José Sócrates, agora com minoria, demonstra falta de
inteligência emocional, permitindo que os seus ministros pratiquem e implementem políticas de
laboratório, que obviamente serão contra-producentes.
O Pravda.Ru entrevistou 100 funcionários, cujos salários vão ser reduzidos.
Aqui estão os resultados:
Eles vão cortar o meu salário em 5%, por isso vou trabalhar menos (94%).
Eles vão cortar o meu salário em 5%, por isso vou fazer o meu melhor para me aposentar cedo,
mudar de emprego ou abandonar o país (5%)
Concordo com o sacrifício (1%)
Um por cento. Quanto ao aumento dos impostos, a reação imediata será que a economia encolhe
ainda mais enquanto as pessoas começam a fazer reduções simbólicas, que multiplicado pela
população de Portugal, 10 milhões, afetará a criação de postos de trabalho, implicando a
obrigatoriedade do Estado a intervir e evidentemente enviará a economia para uma segunda (e no
caso de Portugal, contínua) recessão.
Não é preciso ser cientista de física quântica para perceber isso. O idiota e avançado mental que sonhou com esses esquemas, tem os resultados num pedaço de papel, onde eles vão ficar!!
É verdade, as medidas são um sinal claro para as agências de rating, que o Governo de Portugal
está disposto a tomar medidas fortes, mas à custa, como sempre, do povo português.
Quanto ao futuro, as pesquisas de opinião providenciam uma previsão de um retorno do Governo
de Portugal para o PSD, enquanto os partidos de esquerda (Bloco de Esquerda e Partido
Comunista Português) não conseguem convencer o eleitorado com as suas ideias e propostas.
Só em Portugal, a classe elitista dos políticos PSD/PS seria capaz de punir o povo por se atrever a
ser independente. Essa classe, enviou os interesses de Portugal para o ralo, pediu sacrifícios ao
longo de décadas, não produziu nada e continuou a massacrar o povo com mais castigos.
Esses traidores estão a levar cada vez mais portugueses a questionarem se não deveriam ter sido
assimilados há séculos pela Espanha.
Que convidativo, o ditado português "Quem não está bem, que se mude". Certos, bem longe de
Portugal, como todos os que podem estão a fazer. Bons estudantes a jorrarem pelas fronteiras fora.
Que comentário lamentável para um país maravilhoso, um povo fantástico e uma classe política
abominável.



Timothy Bancroft-Hinchey

Pravda.Ru

1 comentário:

Higorca Gómez Carrasco disse...

Querido amigo ¿De que te quejas? Claro que cada uno de nosotros vemos el lugar donde estamos, no solamente en vuestro país, no tengo que decirte a ti un jornalista lo que esta pasando mundialmente, aquí, en España, estamos igual, subida del IVA, bajada de dinero, etc, etc, es la vida o mejor "c`est la vie", y de paso no nos quejaremos mucho por si nos recortan mucho más.
Un montón de abrazos

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