segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Pobres do Governo



Aviso desde já que o título está, obviamente, manipulado. Não é que não haja um monte de motivos para glosar os "pobres do governo". Podemos ser nós, cidadãos tesos que nem um carapau, esmagados ao peso dos impostos e do oportunismo comercial de muitos. Podem ser os desempregados, os despedidos, os licenciados nas universidades sem cunhas para os tachos, os desamparados da sociedade, os chamados desqualificados. Pobres do governo serão os que estão lá e nos mimam diariamente com as maiores baboseiras, os deputados incompetentes e oportunistas que estão lá para "sacarem o deles" e ao fim dos oitos anos, acumularem uma bela reforma com novos tachos em bancos e empresas. Pobres do Governo, enfim, serão as vítimas das penhoras selvagens do fisco, dos pequenos comércios familiares de sobrevivência mandados para a falência pela tenebrosa ASAE, a grande defensora dos bons costumes dos burocratas de Bruxelas.
Num país onde impera o arranjismo, o compadrio, o tachismo, pobres do governo não são, de certeza, os grandes bailadores da dança das cadeiras do poder económico, onde, em vez de menos uma que o número de participantes, há sempre uma mais para encaixar um leal servidor.

Desembrulhando coisas da vida (o fim de ano é bom para seleccionar o que transita o que vai para o lixo no ano novo) encontrei uns postais giríssimos feitos de cartazes de provas automobilísticas em Portugal. Foi aí, no alusivo ao "1º circuito internacional de Lisboa" que reparei no pormenor de a prova ser destinada "para os pobres do Governo Civil de Lisboa". E eu que do Governo Civil de Lisboa tinha a recordação de ser o lugar para onde mandavam presos os delinquentes Mas este cartaz, muito provavelmente do ano de 1953, não engana. Os fundos obtidos pelo ACP seriam para os pobres do governo civil.

No ano seguinte, a mesma filosofia para o "2º circuito internacional de Lisboa" mas a menção dos destinatários parece-me menos visível, menos importante.



Cinco anos depois, em 1959, o cartaz a anunciar a corrida de fórmula 1 do Campeonato do Mundo de Condutores, com o pormenor do Cristo Rei em fundo, ao longe, a menção da ajuda aos pobres surge em tipo pequeno e menos visível ainda.




Como que a dita ajuda do governo (civil de Lisboa) aos pobres fosse dominuindo à medida que os anos passavam.




Como, então, nos admirarmos com o que se passa hoje?




Finalmente, deixo-vos uma pérola, o cartaz alusivo ao "VII Circuito de Vila Real", que, suponho, é de 1938.




Dou-vos um bombom e uma senha de refeição se me disserem o que encontraram de curioso no cartaz.








BOM ANO, muita saúde, muita paz

Obrigado a todos os que enriqueceram este espaço com as suas intervenções e comentários. Obrigado mesmo do coração.

4 comentários:

asperezas disse...

...é a suástica...

Venha daí o Bombom e etc...
:D

Bom Ano Hélder!

Grande abraço!

asperezas disse...

...é a suástica...

Venha daí o Bombom e etc...
:D

Bom Ano Hélder!

Grande abraço!

kambuta disse...

Helder, excelente post. Boas Entradas meu bom amigo.

Joao Coimbra disse...

Sera que ja cheguei tarde para o «bombom»??? Da la 1/2 Asperezas...
So pode ser a suatica! Mas tb. em 39 esta certo nao?
Bom ano para todos,incluindo os pobres da cidade de Lisboa
Abraco
joao coimbra

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