sábado, 25 de julho de 2009

SALZBURGER FESTSPIELE - ferien




Durante anos, Mários Soares foi considerado um viajante “compulsivo” à conta do Estado (que somos todos nós). Foi acusado de aproveitar os altos cargos que ocupou no país – primeiro-ministro e Presidente da República – para fazer turismo disfarçado de viagens de trabalho.
Apesar da gravidade das acusações, nunca ninguém se chegou à frente para colocar o inefável Soares sob o fogo da justiça. Ainda bem. É que se o impedissem de fazer essas viagens, nunca o veríamos a cavalgar, garboso, uma bela e indiferente tartaruga, numa das suas importantes viagens “de trabalho” às Maldivas. Nem o veríamos ostentar os mais diversos chapéus, debaixo daquele sorriso de quem está acima do mundo e o olha com bonomia e alguma compaixão.
Habituámo-nos a essas extravagâncias, ninguém as levou a sério e, aqueles que tentaram criticar esbarraram no mar da indiferença. “Oh!. O Bochechas não tem emenda”, dizia-se num misto de perdão tácito e de “se não for ele será outro qualquer, eles são todos iguais”, e por aí fora no desfiar de um rosário por demais usado.
A virtude, coerência e respeito pela coisa pública são conceitos sem lugar cativo quando até figuras tidas como “sérias e impolutas” se deixam tentar pelos pecadilhos que o poder oferece.
Desde que vi o esfíngico Cavaco Silva a trepar um coqueiro, também numa das suas importantes viagens “de trabalho”, fui levado a concluir que até o mais sério, o mais frio, o mais dedicado político acaba por ceder aos prazeres que o poder pode oferecer. Nunca esperei ver o infalível Cavaco aproveitar-se das iguarias da mesa presidencial. Desajeitado mas convencido da validade dos seus actos, foi vê-lo ir passar uma semana de férias aos Açores sob a capa de visita para se identificar com as necessidades dos açorianos. É claro que os açorianos ficaram muito mais tranquilos ao saberem das preocupações do Presidente da República sobre o seu bem-estar.
Passando de lado a questão dos dinheiros ganhos de forma estranha e aparentemente favorecida, temos agora o Presidente em mais uma importante deslocação oficial, de trabalho claro, à Áustria. Coincidência de datas seguramente não analisada na preparação da visita, a estada de Cavaco Silva e mulher bate mesmo no dia em que se abre o Festival de Salzburgo, o mais importante do mundo da música. Que chatice esta de ter de aceitar o convite do seu homólogo austríaco (que, aliás, ninguém sabe quem é) para ir à abertura do Festival. Mas lá terá que ser!!!! Mais um sacrifício pela Pátria. E logo ele que sempre foi um grande defensor da arte, como se sabe. E admirador de Händel, como se sabe, de quem “Theodora” faz a abertura neste sábado 25 de Julho na cidade que viu nascer Mozart.
É pena esta viagem de trabalho ter coincidido também com a apresentação de grandes pianistas na Gulbenkian, em Lisboa. Mas, obviamente, Lisboa é demasiado longe.
Não tenho nada contra o PR gostar de passear e até de querer aumentar o seu nível cultural, cuja marca deverá subir visivelmente a partir de hoje. Mas, francamente, em época de “vacas magras” gastar dinheiros públicos numas mini-férias na Áustria, com ajudas de custo e despesas pagas pelo Estado, parece muito mal para quem defendeu, em tempos, o rigor nas contas públicas.
Diz-se que “o poder corrompe”....





domingo, 12 de julho de 2009

O G8 - PAROLE, PAROLE, PAROLE


Não me atreveria aqui fazer uma dissertação sobre o “ponto G”, muito menos sobre o “ponto de rebuçado” nem mesmo sobre o “ponto de cruz”. Vejam lá bem aonde o G me estava a levar !!! A pontos que nem a minha imaginação se atreve tocar. Este G 8 ... é “oitro”. É o dos, dizem, mais ricos e poderosos países do mundo, dos, dizem, mais industrializados do mundo e, muito seguramente, dos mais poluidores do mundo. Reuniram-se, como fazem sempre, num ponto qualquer devidamente preparado para servir de passerelle de vaidades mal disfarçadas, de arrogâncias globalizantes escondidas.
Numa candura pungente os senhores dos anéis do poder decidiram reduzir as emissões de gases de efeito de estufa em 50 por cento até não sei quando. Não sei, simplesmente, porque não me preocupei em acreditar no que li: até 2050 ???? Só 40 anos ??? E querem reduzir em 80% a poluição dos países industrializados em relação ao ano de 1990. "Yah! Right".
Sabiamente, os senhores do mundo – mais a senhora angélica – escaparam a assumir qualquer compromisso intermédio.
Achei deliciosa esta outra preocupação saída da bela cidade martirizada de L’Aquila: os senhores mais a senhora, junto com outros senhores convidados, decidiram esta ternura: reconhecer a necessidade de limitar o aquecimento global a 2%. Não é delicioso?
Falhos de ideias realmente interessantes, “aquela gente”, como diria Alberto João Jardim, deixou escapar para o comunicado final uma preocupação em relação ao seu bem-estar: acham que a subida do desemprego pode por em causa a estabilidade social. É aqui que “eles”, finalmente, mostram a cara. “Eles” têm medo que o desemprego que “eles” próprios causam com as roubalheiras dos grandes gestores bancários e falcatruas de companhias de seguros, possa desequilibrar o conforto sossegado dos seus dias de mandões do mundo.
E, para merecerem a medalha com a efígie da madre Teresa de Calcutá, decidiram mobilizar 20 mil milhões de dólares em 3 anos para lutar contra a fome no mundo.
Então, não é lindo isto? Conseguiram empobrecer o mundo para, numa atitude cândida de solidariedade humanista, se “mobilizarem” ?
O mundo olhou para o G8 que lhe foi imposto pelas televisões como um fait divers, como quem desfolha a revista Caras – ora deixa cá ver como a Michele se vestiu para o jantar de gala; já agora, gostava de ver qual a última manifestação de mau gosto que a Merkel levou à foto de família !!!!????
O que “eles” lá disseram, o que “eles” lá decidiram, está-se tudo nas tintas.
Aliás, estou em crer que o G8 passaria totalmente despercebido se não houvesse aqueles habituais manifestantes profissionais a provocarem as cargas da polícia do signore Berlusconi a quem o Saramago, num assomo do seu mau feitio refinado com a idade, chamou os mimos do costume quando se lembra de um dos seus ódios de estimação: delinquente, corrupto, líder mafioso, vírus. Só porque a editora italiana, propriedade do senhor Berlucosni, recusou-se a publicar o último livro do Nobel português, Cadernos. “Et pour cause.!!!!”
E … o G8 ??? Pois !!!! O G8 valeu pelo Lula que foi lá dizer aos grandes do mundo que, o Mundo, não é bem aquele que “eles” desenharam e para o qual não têm mais do que “parole”, “parole”, “parole”.


hs

Na foto: Lula e Berlusconi






sábado, 4 de julho de 2009

gripe A-los No-y....


Gripe A:
Los flash de la televisión, los anuncios de los diarios, los afiches: cercan , acosan.

NO NO NO NO
NO ABRAZAR
NO BESAR
NO DAR LA MANO

NO COMPARTIR
NO AL BAR
NO AL CAFÉ AMIGO

Pero estamos en la semana de la dulzura . Llega el día del amigo.

Vestido el corazón de contramano, oyendo sollozar a los abrazos ¿los enviará por el
camino de los sueños?
¿los besos navegarán por el río de la mirada hasta atracar al muelle que los espera?
El corazón, vestido de contramano, se desvela buscando la infracción que lo rescate
.
marita faini adonnino-argentina.

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