domingo, 12 de julho de 2009

O G8 - PAROLE, PAROLE, PAROLE


Não me atreveria aqui fazer uma dissertação sobre o “ponto G”, muito menos sobre o “ponto de rebuçado” nem mesmo sobre o “ponto de cruz”. Vejam lá bem aonde o G me estava a levar !!! A pontos que nem a minha imaginação se atreve tocar. Este G 8 ... é “oitro”. É o dos, dizem, mais ricos e poderosos países do mundo, dos, dizem, mais industrializados do mundo e, muito seguramente, dos mais poluidores do mundo. Reuniram-se, como fazem sempre, num ponto qualquer devidamente preparado para servir de passerelle de vaidades mal disfarçadas, de arrogâncias globalizantes escondidas.
Numa candura pungente os senhores dos anéis do poder decidiram reduzir as emissões de gases de efeito de estufa em 50 por cento até não sei quando. Não sei, simplesmente, porque não me preocupei em acreditar no que li: até 2050 ???? Só 40 anos ??? E querem reduzir em 80% a poluição dos países industrializados em relação ao ano de 1990. "Yah! Right".
Sabiamente, os senhores do mundo – mais a senhora angélica – escaparam a assumir qualquer compromisso intermédio.
Achei deliciosa esta outra preocupação saída da bela cidade martirizada de L’Aquila: os senhores mais a senhora, junto com outros senhores convidados, decidiram esta ternura: reconhecer a necessidade de limitar o aquecimento global a 2%. Não é delicioso?
Falhos de ideias realmente interessantes, “aquela gente”, como diria Alberto João Jardim, deixou escapar para o comunicado final uma preocupação em relação ao seu bem-estar: acham que a subida do desemprego pode por em causa a estabilidade social. É aqui que “eles”, finalmente, mostram a cara. “Eles” têm medo que o desemprego que “eles” próprios causam com as roubalheiras dos grandes gestores bancários e falcatruas de companhias de seguros, possa desequilibrar o conforto sossegado dos seus dias de mandões do mundo.
E, para merecerem a medalha com a efígie da madre Teresa de Calcutá, decidiram mobilizar 20 mil milhões de dólares em 3 anos para lutar contra a fome no mundo.
Então, não é lindo isto? Conseguiram empobrecer o mundo para, numa atitude cândida de solidariedade humanista, se “mobilizarem” ?
O mundo olhou para o G8 que lhe foi imposto pelas televisões como um fait divers, como quem desfolha a revista Caras – ora deixa cá ver como a Michele se vestiu para o jantar de gala; já agora, gostava de ver qual a última manifestação de mau gosto que a Merkel levou à foto de família !!!!????
O que “eles” lá disseram, o que “eles” lá decidiram, está-se tudo nas tintas.
Aliás, estou em crer que o G8 passaria totalmente despercebido se não houvesse aqueles habituais manifestantes profissionais a provocarem as cargas da polícia do signore Berlusconi a quem o Saramago, num assomo do seu mau feitio refinado com a idade, chamou os mimos do costume quando se lembra de um dos seus ódios de estimação: delinquente, corrupto, líder mafioso, vírus. Só porque a editora italiana, propriedade do senhor Berlucosni, recusou-se a publicar o último livro do Nobel português, Cadernos. “Et pour cause.!!!!”
E … o G8 ??? Pois !!!! O G8 valeu pelo Lula que foi lá dizer aos grandes do mundo que, o Mundo, não é bem aquele que “eles” desenharam e para o qual não têm mais do que “parole”, “parole”, “parole”.


hs

Na foto: Lula e Berlusconi






4 comentários:

ANA MARIA SEIXAS disse...

Helder, o texto esta optimo, conciso, jocoso, sobrio e muito bem estruturado.Mas achas mesmo que alguém no seu perfeito juizo,aceita ou credibiliza alguma decisao tomada nessas reunioes do G8?O mundo em que vivemos,está como está, por causa dos "senhores G8", e nao sao seguramente as suas "paroles"que nos farao mudar de opiniao, sobre esses "bandidos"que nunca serao responsabilizados pelas barbaridades comtidas.Um abraco Ana

Alexandre Correia disse...

Olá Hélder!

Quem diria que nos voltaríamos a encontrar desta maneira: na blogosfera! Parabéns pelo teu blog, que acabei de visitar demoradamente. Como continuo a gostar de boa leitura, li vários textos. "Paroles, Paroles, Paroles, Encore des Paoles, que Tu Sais bien" — cantava então a bela italiana Dalida ao galã Alain Délon, por quem ela tanto suspirava. Essa letra é o maior hino "à música", neste sentido da conversa mole, tão usual no discurso de engatatões de "água doce" como de políticos armados em salvadores do mundo. Eu percebi o sentido e achei piada ao título.

Abraço do

Alexandre Correia

PS - E podes "visitar-me" em www.asviagensdealex.blogspot.com

Jeová Nunes disse...

Helder, concordo com as palavras da Ana e também gostei muito do texto. Quanto ao Lula, projetou-se e projetou um pouco o Brasil no mundo, mas as coisas aqui dentro estão ainda por resolver.
Abraços, Jeová.

Higorca Gómez Carrasco disse...

Palabras, tristes palabras vamos de mal en peor, todo vale, hoy todo vale, nada importa ¿Qué esta pasando? ¿Tenemos aquello que nosotros hemos buscado? ¡¡¡Tristes pensamientos!!! Me gustaria ver con claridad. Higorca

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