sexta-feira, 3 de abril de 2009

SARTRE É O CULPADO


...e chega-se ao fim do dia com aquela sensação desagradável que só atinge os incautos...
aquela sensação de ... porra, não estou satisfeito com o que fiz ....
e procura-se em casa o refúgio e, na mente, as explicações....
nada resulta...
e vai-se mais longe....na senda dos perdões.....
é do cansaço....trabalhei que nem um mouro, cumpri o meu dever mas,.....
a interrogação emerge sobre tudo o mais....
cumpri o meu dever profissional, fiz bem o que sei fazer, mas...
porque é que me sinto assim insatisfeito ????...
só sendo pateta alegre se pode ficar imune à desagradável sensação da insatisfação e partir daí para o esquecimento na forma de qualquer diversão vulgar ....
passear, beber copos, ver montras de lojas, olhar a televisão....
isto de ser humano, de ser animal pensante é muito complicado...
há sempre um algo mais inexplicável.....
para lá da cortina da compreensão....
tem-se tudo bem feito e a bater certo no cosmos da acção profissional, senta-se numa cadeira, deixa-se amolecer o ritmo, e a mente toma conta do assunto numa perspectiva crítica....
posso garantir um coisa: nunca seria contabilista, gosto pouco de fazer contas e de colocar valores na coluna do deve e do haver....
o Sartre é que o culpado com essa ideia do existencialismo e do ser e do nada....
sento-me após tarefa (bem) cumprida e....estou insatisfeito...
deve estar a faltar-me um elo, talvez aquele em que Sartre aconselha a criar o homem que temos dentro de nós.......
sei, à partida, e após análises profundamente introvertidas, que o cansaço que tenho não é físico mas pego nele para me auto-justificar....
serve-me neste momento...
estou cansado, portanto, insatisfeito....
uf!!!! que alívio....!!!!!!!!

2 comentários:

asperezas disse...

Noutra ocasião talvez não fosse assim...
O gozo de fazer algo bom, é geralmente acompanhado de alguma surpresa ou novidade...
A repetição, mesmo bem feita, nem sempre é gratificante...
Da próxima vai ser melhor...
:-)

ANA MARIA SEIXAS disse...

Helder: este texto ,é para mim um dos melhores de sempre. A mistura de alegria e insegurança,do dever cumprido e duma falta inexplicável de qualquer coisa é duma originalidade incrivel.Parabéns amigo, continua. Ana

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